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Crianças e o universo dos cosméticos: o que explica o interesse precoce e quais os cuidados necessários

Uma tendência em ascensão entre o público infantil

Nos últimos anos, uma nova tendência tem se espalhado com força entre o público infantojuvenil: o uso de cosméticos e rotinas de cuidados com a pele antes mesmo da adolescência. Apelidada de “Geração Skincare”, essa movimentação está ligada a um número crescente de crianças — especialmente meninas — que demonstram interesse por maquiagem, produtos faciais e cuidados estéticos ainda na infância.

Essa nova dinâmica, impulsionada por influenciadores mirins e pela forte presença das redes sociais na rotina das famílias, levanta preocupações entre dermatologistas, psicólogos e educadores. O uso inadequado de cosméticos em peles infantis pode causar danos físicos e afetar a autoestima em fase de desenvolvimento.

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A influência das redes sociais

O TikTok, o Instagram e o YouTube são as principais fontes de inspiração. Nesses ambientes, vídeos com rotinas de skincare, unboxing de maquiagens e dicas de beleza aparecem como conteúdos leves e divertidos. Para os pequenos, a ideia de usar um hidratante ou uma máscara facial se torna uma forma de entretenimento — e de pertencimento social.

A pele infantil e os riscos do uso precoce de cosméticos

Características da pele das crianças

A pele das crianças é mais fina, mais sensível e possui um equilíbrio diferente de oleosidade e microbiota em comparação à dos adultos. Sua barreira cutânea ainda está em formação, o que a torna mais vulnerável a alergias, ressecamento e irritações provocadas por ingredientes químicos comuns em cosméticos voltados para adultos.

Possíveis consequências do uso inadequado

O uso de cosméticos inadequados pode levar a diversos problemas, como:

  • Dermatites de contato
  • Reações alérgicas severas
  • Acúmulo de resíduos na pele
  • Desregulação da flora bacteriana natural
  • Obstrução dos poros

Além disso, alguns produtos contêm substâncias como ácidos, fragrâncias fortes ou conservantes que não foram testados para uso em crianças e podem causar reações adversas.

Saúde emocional: autoestima e padrões estéticos na infância

Impacto na construção da autoimagem

O envolvimento precoce com o mundo da beleza pode influenciar diretamente a forma como crianças enxergam seus corpos e rostos. Em fase de construção da identidade, elas ainda não têm maturidade emocional para lidar com pressões estéticas e comparações constantes.

Sinais de alerta no comportamento

  • Desejo de esconder o próprio rosto sem maquiagem
  • Insatisfação com características físicas naturais
  • Comparações frequentes com influenciadores ou celebridades
  • Ansiedade relacionada à aparência em fotos e vídeos

Esses comportamentos indicam que o consumo de cosméticos pode estar indo além do lúdico e afetando a autoestima.

O papel das famílias e educadores

Diálogo e orientação são essenciais

Em vez de proibir, especialistas recomendam que pais e responsáveis conversem com as crianças sobre o que veem nas redes, explicando que nem tudo é real e que muitas imagens passam por filtros e edições.

É importante reforçar valores como:

  • Beleza natural
  • Diversidade de corpos e rostos
  • Autocuidado com responsabilidade
  • Importância da saúde em primeiro lugar

Estabelecendo limites saudáveis

  • Evitar o uso de produtos com ativos potentes, como ácidos e esfoliantes químicos
  • Priorizar cosméticos formulados para o público infantil ou dermatologicamente testados
  • Supervisionar o uso e explicar como aplicar corretamente
  • Definir horários específicos, evitando o uso antes da escola ou como rotina obrigatória

A resposta do mercado: produtos voltados para o público mirim

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Imagem – user18526052/Freepik

Cosméticos infantis: nem todos são inofensivos

Muitas marcas enxergaram na tendência uma oportunidade de expandir o portfólio e lançaram linhas com embalagens coloridas, cheiros suaves e temas de personagens. No entanto, mesmo os produtos infantis precisam de análise cuidadosa: nem tudo que é “fofo” é seguro.

O que considerar na hora da escolha

  • Verifique se há indicação etária no rótulo
  • Prefira produtos hipoalergênicos e sem fragrância
  • Consulte um dermatologista pediátrico antes de introduzir uma rotina
  • Leia a composição para evitar substâncias irritantes ou abrasivas

O papel da escola e da sociedade

Educação digital como ferramenta preventiva

As escolas podem incluir temas como mídia e imagem corporal no currículo, ajudando crianças a desenvolverem pensamento crítico sobre o que consomem nas redes. Também podem orientar as famílias sobre os riscos do uso precoce de cosméticos e promover oficinas sobre autoestima, diversidade e aceitação.

Regulamentação e responsabilidade das plataformas

Existe também uma discussão crescente sobre a responsabilidade das redes sociais em limitar a exposição de menores a conteúdos voltados ao consumo. Plataformas como TikTok e Instagram têm sido pressionadas a criar algoritmos mais seguros para o público infantil, mas os resultados ainda são tímidos.

Quando o skincare pode ser benéfico?

Autocuidado pode ser positivo — se for bem orientado

O interesse por skincare não precisa ser necessariamente negativo. Quando conduzido com supervisão e com foco em higiene, saúde e bem-estar, pode ajudar a desenvolver hábitos positivos. Um sabonete facial suave, o uso de protetor solar e a hidratação após o banho são práticas saudáveis.

O equilíbrio é o segredo

O ideal é que o cuidado com a pele seja entendido como parte da saúde, não como uma obrigação estética. Produtos simples, rotina curta e linguagem acessível são as melhores formas de introduzir o autocuidado de forma lúdica e saudável.

Considerações finais

A chamada “Geração Skincare” é reflexo de uma era onde as redes sociais e o marketing digital moldam, desde cedo, os desejos e comportamentos das crianças. Embora o interesse por produtos de beleza possa parecer inofensivo, ele levanta discussões importantes sobre saúde, autoestima e o papel da mídia na formação infantil.

Caberá às famílias, escolas, profissionais da saúde e à sociedade como um todo garantir que esse contato com o mundo da estética seja feito com segurança, equilíbrio e, acima de tudo, respeito ao tempo da infância. Porque antes de qualquer rotina de beleza, é essencial cultivar uma relação saudável com o próprio corpo e com o espelho.

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