Quando longas expedições em lugares inóspitos são realizadas é de praxe que um médico faça parte da equipe para garantir a saúde de todos os integrantes da expedição.
Mas o que acontece quando é o médico que fica doente e precisa de uma cirurgia urgente para sobreviver?

Essa história inusitada ocorreu em 1961, quando o único médico de uma equipe de 13 pessoas que serviam à base soviética de Novolazarevskaya, na Antártida, o doutor Leonid Rogozov, acordou sentindo-se febril e fraco. Algumas horas, depois uma forte dor no abdômen indicou que o médico estava tendo uma crise de apendicite.

Nenhum dos medicamentos funcionou e sua condição só piorava. As intensas tempestades de neve, somadas aos fatos de que nenhuma outra base próxima possuía um avião e a outra base soviética estava a mais de mil quilômetros de distância forçaram o médico de 27 anos a tomar a única decisão possível: realizar uma cirurgia em si mesmo.


Apesar de uma perfuração não intencional em seu intestino grosso e um intervalo de 40 minutos para descansar (ou ele poderia desmaiar), a cirurgia correu surpreendentemente bem. Passadas quatro horas, o corte no abdômen já estava devidamente fechado, e o apêndice, retirado. Uma semana depois, Leonid pôde voltar normalmente ao trabalho quando os pontos foram removidos.

O médico voltou à União Soviética um ano depois e trabalhou como cirurgião durante toda sua vida, até vir a falecer aos 66 anos, no ano 2000. Mas sua história permanece viva como um caso sem precedentes em se tratando de procedimentos cirúrgicos, além de ter forçado a mudança de política em relação a longas expedições. E, claro, sua coragem e calma também sempre serão lembrados.
Ana Oliveira












