Para alguns, ter um iPhone é ostentação. Já para outros, em meio a estes tempos tão marcados pela tecnologia, possuir o aparelho é uma obrigação. Mas o que muitas pessoas não sabem é que para estre luxo ser sustentado, o preço foi caro. E não é de dinheiro que estou falando.
No livro “The One Device: The Secret History of the iPhone” (“O Dispositivo Único: a História Secreta do iPhone”), publicado pelo repórter Brian Merchant, do The Guardian o jornalista traz à tona uma triste e grave situação ocorrida com funcionários da Apple na China.
Sob péssimas condições de trabalho, no complexo da “Foxconn City”, em Shenzhen, 14 empregados tiraram a própria vida, enquanto mais outros 4 tentaram se matar.

O repórter procurou por ex-funcionários e por trabalhadores que ainda atuam pela empresa, que empresa 450 mil pessoas ao redor do mundo, para compreender o porquê de tantas mortes. E sua conclusão foi bem emblemática: “[o local] simplesmente não é adequado para seres humanos”. Além de jornadas de trabalho que ultrapassam as 12 horas, casos de assédio moral se tornaram bastante comuns.
Mas não é apenas a isso que se resume o interior da fábrica: dentre outras coisas estão crianças sujas, negligenciadas e machucadas que trabalham incessantemente sob o comando de supervisores que os controlam. É um ambiente que os leva não só à depressão, mas também à loucura. Um ex-funcionário do local afirmou que 18 tentativas de suicídio é um número bem abaixo do real.

Vale e muito considerar que em 2012, em uma ação coletiva dos funcionários, 150 deles subiram nos telhados da dependência e ameaçaram se matar caso não houvesse melhoria nas condições de trabalho. E segundo Merchant, hoje nada mudou. Diante de cargas horárias desumanas, alguns empregados sequer vão para casa e dormem na empresa.
“Quando olho para as fotos que eu tirei, não consigo encontrar uma que tenha alguém sorrindo. Não parece uma surpresa que pessoas submetidas a longas horas de trabalho repetitivo e manejo severo possam desenvolver transtornos psicológicos”, escreveu o repórter. “Esse desconforto é palpável – está presente no próprio ambiente”, completou.


E para muitos que simplesmente questionam o porquê destas pessoas se submeterem a tal situação, a resposta é simples: ou é isso ou é morrer de fome. A questão é saber qual os matará primeiro.
Triste!
Fotos: The Guardian / Reprodução












