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Como Dubai surgiu no meio do deserto

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Dubai é, hoje, sinônimo de arranha-céus reluzentes, ilhas artificiais, shoppings colossais e ostentação sem limites. Mas essa cidade ultramoderna, que lidera rankings de inovação e turismo de luxo, surgiu em um dos ambientes mais hostis do planeta: o deserto. A impressionante ascensão de Dubai, capital do emirado de mesmo nome nos Emirados Árabes Unidos, se deu em tempo recorde e com uma engenharia social e econômica que surpreende o mundo até hoje.

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As origens humildes de Dubai

Antes do petróleo: pérolas, pesca e comércio

Antes de se tornar uma metrópole global, Dubai era um pequeno vilarejo pesqueiro às margens do Golfo Pérsico. No início do século XX, sua principal atividade econômica era a coleta de pérolas, além do comércio marítimo com a Índia, Irã e outros portos do Oriente Médio.

O crescimento era modesto e a vida simples. O clima árido e o solo arenoso tornavam a agricultura quase inviável, e os recursos naturais eram escassos. Ainda assim, a posição estratégica de Dubai atraiu mercadores e estabeleceu as bases para sua vocação comercial.

O papel da família Al Maktoum

Desde 1833, Dubai é governada pela família Al Maktoum, que desempenhou papel decisivo no planejamento da cidade. Em especial, o xeque Rashid bin Saeed Al Maktoum, que liderou o emirado entre 1958 e 1990, foi responsável por preparar o terreno para a transformação radical que viria a seguir.

A descoberta do petróleo e o salto inicial

A virada econômica nos anos 60

A descoberta de petróleo nos Emirados Árabes, e particularmente em Dubai, ocorreu na década de 1960. Embora o emirado não tivesse reservas tão abundantes quanto Abu Dhabi, o petróleo gerou receitas suficientes para impulsionar os primeiros grandes projetos de infraestrutura: rodovias, portos e aeroportos.

Em 1971, os Emirados Árabes Unidos foram oficialmente fundados, com Dubai integrando a federação. A partir desse ponto, a cidade começou a atrair investimentos internacionais e traçar um plano ambicioso para diversificação econômica.

Dubai como projeto de futuro

Estratégia além do petróleo

O xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, filho de Rashid, assumiu a liderança com uma visão clara: Dubai deveria ser mais que um centro petroleiro. Ainda nos anos 90, ele estabeleceu um plano para transformar o emirado em um hub global de negócios, turismo e inovação tecnológica.

A diversificação econômica tornou-se prioridade absoluta. O governo investiu pesadamente em setores como aviação, turismo, construção civil e finanças. O petróleo passou a representar menos de 5% do PIB de Dubai.

Zonas francas e isenção fiscal

Dubai criou zonas econômicas especiais — como a Jebel Ali Free Zone — que ofereciam incentivos fiscais e isenção de impostos para atrair multinacionais. Com leis favoráveis ao capital estrangeiro, a cidade se tornou uma das mais acolhedoras para negócios no Oriente Médio.

As obras que mudaram a paisagem

Burj Khalifa: o símbolo da ascensão

O Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo com 828 metros de altura, é o principal ícone da transformação de Dubai. Inaugurado em 2010, o arranha-céu simboliza a ambição sem limites do emirado.

Sua construção exigiu soluções de engenharia avançadas para resistir ao calor extremo e às tempestades de areia. O projeto custou cerca de US$ 1,5 bilhão e colocou Dubai de vez no mapa da arquitetura mundial.

As ilhas artificiais e os megaprojetos

Além do Burj Khalifa, Dubai ficou famosa por seus projetos ousados, como o arquipélago artificial The Palm Jumeirah, visível do espaço, e o projeto inacabado The World, que recria o mapa-múndi em ilhas.

Esses empreendimentos foram planejados não apenas como atrações turísticas, mas também como forma de aumentar a oferta de imóveis de alto padrão. A cidade tornou-se um destino para milionários, celebridades e investidores do mundo todo.

Infraestrutura de primeiro mundo

Dubai também investiu em mobilidade urbana, com destaque para o metrô automatizado (sem condutor), estradas largas e um dos aeroportos mais movimentados do planeta: o Dubai International Airport. O emirado se posicionou como centro de conexões aéreas entre Ásia, Europa e África, graças à Emirates Airlines.

Sociedade, cultura e modernidade

Uma cidade global em solo conservador

Dubai combina elementos tradicionais da cultura árabe com valores globais. É uma cidade onde arranha-céus futuristas coexistem com mesquitas centenárias, e onde o islamismo convive com turistas de biquíni nas praias.

Apesar das leis locais seguirem princípios islâmicos, Dubai é considerada a mais liberal entre os emirados. A venda de álcool, por exemplo, é permitida em hotéis e restaurantes licenciados, e estrangeiros representam mais de 85% da população residente.

Turismo de luxo e experiências únicas

O setor de turismo cresceu vertiginosamente. Hoje, Dubai atrai mais de 16 milhões de visitantes por ano, com atrações como o Burj Al Arab, considerado um dos hotéis mais luxuosos do mundo, e o Dubai Mall, um dos maiores centros comerciais do planeta.

A cidade também investe em experiências únicas, como pistas de esqui cobertas no meio do deserto, parques aquáticos gigantescos e exposições internacionais, como a Expo 2020, realizada em 2021 devido à pandemia.

Sustentabilidade e desafios do futuro

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Imagem – wirestock/Freepik

Energia e meio ambiente

Um dos grandes desafios de Dubai é a sustentabilidade. Manter uma cidade com tanta infraestrutura em funcionamento no meio do deserto consome enormes quantidades de energia e água. Para amenizar os impactos, o emirado vem investindo em fontes renováveis, como a energia solar, e em sistemas de dessalinização para abastecimento de água.

Desigualdade e condições de trabalho

Apesar da imagem de riqueza, Dubai enfrenta críticas por conta das condições de trabalho dos imigrantes — principalmente operários vindos da Ásia. Muitos vivem em condições precárias e com baixos salários. O governo vem sendo pressionado a melhorar a legislação trabalhista e aumentar a fiscalização.

Visão para 2040 e além

Dubai lançou o “Dubai 2040 Urban Master Plan”, que traça o futuro da cidade nas próximas décadas. O plano prevê mais áreas verdes, habitação acessível, mobilidade inteligente e aumento da sustentabilidade urbana. A meta é continuar crescendo de forma equilibrada, sem perder o foco em inovação.

Considerações finais

A ascensão de Dubai é, de fato, um milagre moderno. Em apenas meio século, a cidade passou de um vilarejo no deserto a um dos centros urbanos mais avançados do mundo. Sua trajetória é marcada por ousadia, planejamento estratégico e uma visão de futuro que rompeu os limites geográficos e climáticos.

Dubai mostra que, com liderança determinada e políticas de desenvolvimento bem estruturadas, é possível transformar até mesmo o ambiente mais improvável em um símbolo global de prosperidade e modernidade.

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