Depois da polêmica sobre racismo que envolveu o jornalista William Waack, afastado da apresentação do Jornal da Globo, o apresentador foi ferrenhamente defendido por Gil Moura, um cinegrafista negro que a por anos trabalhou a seu lado.
Em um relato comovente, Moura fez questão de falar a respeito do verdadeiro caráter do jornalista.
“Eu sou preto. Já trabalhei com ele na França, em Portugal, na Espanha, na Índia e em São Paulo. Nesta caminhada de 30 anos, fazendo imagens e contando histórias, poucos colegas foram tão solidários quanto o velho Waack. Ele faz parte dos pouquíssimos globais que carregam o tripé para o repórter cinematográfico preto ou branco.
Na verdade, não me lembro de ninguém na Globo que o faça. O velho sabe para que serve cada botão da câmera e o peso do tripé. Quando um preto sugere um restaurante mais simples, ele não dá atenção, porque paga a conta dos colegas que ganham menos, no restaurante melhor. Como ele fez piada idiota de preto, ele faz dele próprio, suas olheiras, velhice, etc.“, escreveu o rapaz.
Moura também fez questão de ressaltar que na emissora muitos funcionários seguem um perfil padrão: “Moldados ao jeito da casa, vindos da PUC ou da USP”. Ele exemplificou um ocorrido que passou com uma repórter no qual ao sugerir que ela prendesse o cabelo por causa do vento, foi respondido com um sonoro “sobrou uma ponta do cabelo, fiquei parecendo uma empregada doméstica”.

O cinegrafista revelou que o racismo está por toda a parte em sua profissão. Mas a maioria dos casos é velada ou deixada para trás. Ele afirma que o vídeo esconde bem a realidade por trás do caráter de muitos famosos.
“Voltando ao racista William Waack. Quando íamos para a Índia – eu vivia em Lisboa – fui 3 dias antes para Londres, de onde partiríamos para Dheli. Eu ia ficar em um hotel, mas o racista que havia trabalhado comigo até então somente uma vez em Cannes, me convidou para ficar em sua casa, onde vivia com esposa e dois filhos. Esposa essa a quem ele, preconceituosamente, chamava de “flaca” devido à sua magreza. Eu via como uma forma de carinho.
Comemos, bebemos bom vinho. E, em nenhum momento, alguém quis se mostrar mais erudito que eu, nem mais racista”, completou Moura.
Fonte: Jornal da Cidade Online











