Durante as nossas primeiras semanas de vida nenhum alimento é tão importante ou essencial quanto o leite materno. Para que ele seja produzido, as engrenagens do corpo precisam funcionar corretamente. Nesse processo, a gordura armazenada em algumas regiões precisa ser derretida, mesmo que isso a torne um “ingrediente” não digerível.
“O leite materno é tudo o que o bebê necessita nutricionalmente e muito mais. (…) É repleto de água, proteínas, gordura, açúcar… Mas o surpreendente é que tenha uma enorme quantidade de oligossacarídeos complexos, que são totalmente indigestos para bebês”, explica Bruce German, do Departamento de Ciência e Tecnologia Alimentícia da Universidade da Califórnia em Davis, Estados Unidos.
A ciência já havia identificado que o intestino não é capaz de absorver as células mais complexas de açúcar, contudo ainda não havia resposta sobre o porquê delas estarem presentes no leite materno produzido. “Nossa hipótese era que, se essas moléculas não alimentavam o bebê, deviam alimentar outra coisa: bactérias”, comenta German.
Bactéria do bem
Ao lado da equipe, procurando solucionar a questão, German encaminhou amostras de oligossacarídeos ao microbiólogo David Mills. A intenção era identificar se alguma bactéria crescia naquelas moléculas. Os resultados dos estudos indicaram que a bilfidobacterium infantis se alimenta dos oligossacarídeos do leite, o que indica que sua função é a de fornecer um ambiente no qual essas bactérias possam se desenvolver.
A bilfidobacterium infantis se manifesta, principalmente, no intestino delgado das mães e dessa forma cobre também o intestino do feto. Sua presença impede o crescimento de patógenos na criança. Ou seja, é uma bactéria “do bem” que pode, inclusive, prevenir a enterocolite necrosante, uma grave infecção intestinal que pode atingir os recém-nascidos caso outras bactérias infectem seu tecido do intestino.
O estudo pode ajudar na compreensão do quanto muitas bactérias podem ser positivas ao nosso organismo.












