Mesmo tudo aquilo que nos faz bem, quando em excesso, sempre fará mal.
Você já ouviu falar no ácido fólico? Um tipo de vitamina B (mais especificamente, vitamina B9), o nutriente é de fundamental importância durante a gestação, ajudando no desenvolvimento neurológico do feto durante o fechamento do tubo neural (estrutura que dará origem ao cérebro e à medula espinhal).
Contudo, de acordo com pesquisadores americanos da Universidade Johns Hopkins, o consumo em excesso do ácido fólico pode dobrar o risco do bebê nascer com autismo.
Durante a pesquisa foram analisados os níveis de ácido fólico de 1.391 mães, logo após o parto, de 1998 a 2013. No ano passado, os resultados dos testes foram revelados e mostraram que as mães de crianças autistas tinham níveis do nutriente no organismo quatro vezes maior do que o recomendado.
Em entrevista à Veja, o doutor em obstetrícia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Antonio Cabral, explicou que “o excesso de ácido fólico pode prejudicar os genes que fazem a maturação do encéfalo e causar alguma má formação, podendo desenvolver autismo ou autismo parcial”.
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O resultado da pesquisa ainda é muito debatido pelos médicos. Inclusive, um estudo publicado anteriormente no Journal of the American Medical Association (JAMA), vai na contramão dos resultados dos pesquisadores da Johns Hopkins e aponta para o fato de que o ácido fólico, muito encontrado em frutas, vegetais e cereais, poderia reduzir o risco do autismo e não aumentar.
Cabral diz que o consumo do ácido é necessário, porém, não deve ser realizado em altas doses. O médico explica que é importante que sejam ingeridas de 0,4 a 0,8 miligramas da vitamina por dia antes de engravidar e nos três primeiros meses de gestação. E no restante da gravidez, é importante que a futura mamãe consuma o ácido fólico em doses reduzidas, o que auxiliará na formação do coração do feto e será importante para que não ocorra um parto prematuro.
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Apesar dos estudos não serem conclusivos, o principal alerta é para que tanto médicos quanto as mulheres grávidas fiquenm atentos à quantidade adequada diária do nutriente. “Se a mulher tem alguma atividade ou hábito que possa reduzir o ácido fólico [no organismo], como fumar ou atividade física intensa, pode usar dentro dessa dosagem ou um pouco mais. Tem de conversar com o médico para ver se é excessiva”, afirma Cabral.