O Rio de Janeiro, uma das cidades mais conhecidas e fotografadas do planeta, apareceu recentemente em um ranking internacional de turismo por um motivo nada positivo: foi apontado como o pior destino turístico do mundo em 2025. A pesquisa, que avaliou dezenas de cidades, levou em conta critérios como segurança, infraestrutura, custo-benefício e experiência geral dos visitantes.
A notícia causou surpresa e preocupação, especialmente porque o Rio sempre foi considerado o principal cartão-postal do Brasil. O resultado escancara um contraste: enquanto a cidade continua encantando pela beleza natural e pelo patrimônio cultural, enfrenta sérios desafios que comprometem a experiência do turista.
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O ranking internacional e seus critérios
Origem e metodologia
O levantamento foi conduzido por uma consultoria internacional especializada em turismo e reputação de destinos. A análise abrangeu mais de 50 cidades mundialmente conhecidas, avaliadas com base em dados de satisfação de visitantes, segurança pública, qualidade da hospedagem e custo médio das viagens.
O Rio de Janeiro ficou em último lugar, sendo classificado como o destino “menos recomendado” entre todos os pesquisados. Apesar de continuar sendo um dos locais mais buscados por viajantes internacionais, o relatório destacou que a experiência prática ficou aquém das expectativas.
Indicadores considerados
O ranking analisou fatores como:
- Segurança e criminalidade percebida;
- Infraestrutura urbana e de transporte;
- Custo da estadia e relação custo-benefício;
- Hospitalidade e receptividade dos moradores;
- Facilidade de reserva e qualidade de hospedagem;
- Desejo de retorno após a visita.
Em quase todos esses quesitos, o Rio teve notas abaixo da média global.
O que levou o Rio de Janeiro ao topo do ranking negativo
O peso da insegurança urbana
O principal fator apontado pelos viajantes foi a sensação de insegurança. Embora o Rio conte com regiões turísticas bem policiadas, os índices de criminalidade ainda são altos, e os casos de furtos e assaltos nas áreas mais movimentadas afetam a imagem da cidade.
A percepção de risco é reforçada por relatos em redes sociais e plataformas de turismo, o que amplia o impacto negativo. Para o visitante estrangeiro, essa insegurança se transforma em um obstáculo difícil de ignorar.
Custo alto e serviços irregulares
Outro ponto recorrente nas avaliações é o alto custo da hospedagem e dos serviços básicos em comparação à qualidade oferecida. Em áreas nobres, como Copacabana e Ipanema, os preços chegam a se equiparar aos de destinos de luxo internacionais, sem entregar a mesma estrutura ou conforto.
Turistas apontaram ainda falhas em transporte público, limpeza urbana e atendimento em estabelecimentos turísticos, fatores que juntos comprometem a percepção de valor da viagem.
Problemas de infraestrutura
As falhas estruturais, especialmente em transporte e acessibilidade, foram amplamente mencionadas. A dificuldade de locomoção entre os pontos turísticos, a falta de sinalização multilíngue e a precariedade de alguns serviços públicos contribuem para uma experiência frustrante, sobretudo para quem visita o Rio pela primeira vez.
Expectativa versus realidade
Muitos visitantes afirmaram que o Rio de Janeiro é um exemplo clássico de “expectativa alta e realidade diferente”. As imagens paradisíacas divulgadas pelo marketing turístico contrastam com problemas cotidianos, como congestionamentos, lixo nas praias e falta de manutenção em espaços públicos.
A trajetória do turismo carioca
O auge do turismo
O Rio já foi considerado um dos destinos mais desejados do mundo. Sede do Carnaval, da Bossa Nova e de eventos globais como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, a cidade consolidou uma marca internacional. Durante décadas, foi símbolo de hospitalidade e diversidade cultural.
O início da crise
Entretanto, após os grandes eventos esportivos, o turismo entrou em declínio. A crise econômica, aliada à falta de continuidade nos investimentos e à deterioração da segurança pública, afetou diretamente a imagem da cidade. Desde então, as visitas internacionais diminuíram e o número de pacotes turísticos nacionais também caiu.
O impacto para o país
O Rio é um dos principais motores do turismo nacional. Uma queda na sua reputação afeta não apenas o estado, mas o Brasil como destino internacional. Hotéis, restaurantes e agências de turismo relatam que o número de reservas de estrangeiros tem recuado ano a ano.
O que dizem os especialistas
Falta de planejamento e gestão integrada
Especialistas em turismo apontam que o maior problema não é a falta de atrativos, mas sim a gestão urbana e turística. A ausência de políticas públicas consistentes, campanhas de segurança e programas de requalificação urbana tornam difícil manter a cidade competitiva diante de destinos internacionais mais organizados.
Imagem e reputação digital
Outro ponto destacado é o impacto das redes sociais. Plataformas como TripAdvisor e Google Maps influenciam diretamente as decisões de viagem, e o acúmulo de avaliações negativas sobre segurança e infraestrutura contribui para o mau posicionamento do Rio nos rankings.
O desafio de reconstruir a imagem
Ações urgentes para o turismo local
Reverter essa percepção negativa exigirá medidas de curto e longo prazo. Entre as principais estão:
- Reforçar a segurança turística em pontos estratégicos;
- Investir em campanhas internacionais de rebranding da cidade;
- Melhorar transporte e acessibilidade;
- Incentivar o turismo sustentável e comunitário;
- Criar experiências autênticas em áreas fora do eixo tradicional.
Iniciativas já em andamento
Nos últimos anos, programas como o “Turismo Seguro” e o “Visit Rio” têm tentado fortalecer a imagem da cidade, oferecendo suporte ao turista e promovendo destinos alternativos, como Santa Teresa e Ilha de Paquetá. Contudo, os resultados ainda são limitados diante da magnitude dos desafios.
Exemplos internacionais de recuperação
Cidades como Medellín (Colômbia) e Cidade do Cabo (África do Sul), que enfrentaram problemas semelhantes, conseguiram reverter a imagem de destinos perigosos investindo em segurança, cultura e inclusão social. Essas experiências mostram que é possível transformar a percepção global com planejamento e transparência.
Perspectivas para o turismo carioca
Apesar da má colocação, o Rio de Janeiro continua sendo um dos destinos mais bonitos e culturalmente ricos do mundo. Sua história, natureza exuberante e hospitalidade ainda são diferenciais que podem ser valorizados. Com investimentos adequados e estratégias de promoção alinhadas à realidade atual, a cidade pode reconquistar sua posição de destaque no turismo global.
Considerações finais
A classificação do Rio de Janeiro como o pior destino turístico do mundo serve como um alerta. Não é apenas um problema de imagem, mas um reflexo de questões estruturais que se arrastam há anos.
O desafio agora é transformar esse resultado em ponto de virada: reconhecer as falhas, planejar soluções e reconstruir a confiança dos visitantes. O Brasil, e especialmente o Rio, têm potencial para voltar a ser referência mundial em hospitalidade — basta unir segurança, gestão e valorização da cultura local.