A China está adotando uma nova política de facilitação de entrada para estrangeiros, com foco na recuperação do setor turístico. Entre as medidas mais relevantes está a isenção de visto para cidadãos de diversos países, incluindo o Brasil. A estratégia busca impulsionar o fluxo de turistas ao país, recuperar o patamar pré-pandêmico e reforçar laços com regiões estratégicas, como América Latina, Europa e Oriente Médio.
Leia Mais:
Tensão global aumenta: China estaria preparando invasão e reacende temor de guerra mundial
Ampliação do acesso sem visto
Desde junho de 2025, brasileiros passaram a poder visitar a China sem a necessidade de visto para estadias de até 30 dias. Além do Brasil, a medida também vale para cidadãos da Argentina, Chile, Peru e Uruguai. A autorização é válida inicialmente até maio de 2026, podendo ser prorrogada.
Esse novo modelo de entrada soma-se à política iniciada em 2023, quando Pequim concedeu isenção de vistos a países europeus como Alemanha, França, Itália, Espanha e Países Baixos. Ao todo, já são mais de 40 nações contempladas.
Estratégia para impulsionar o turismo pós-Covid
Nos anos mais críticos da pandemia, a China adotou medidas rígidas de controle sanitário, incluindo o fechamento das fronteiras. Isso resultou em uma queda brusca no número de visitantes: de quase 32 milhões em 2019 para pouco mais de 1,5 milhão em 2022.
A partir de 2023, com o relaxamento das medidas, o país iniciou um plano gradual de reabertura. Em 2024, o número de turistas estrangeiros voltou a crescer, chegando a quase 27 milhões. Agora, com a isenção de vistos, o governo chinês pretende não apenas recuperar, mas também superar os índices anteriores à pandemia.
O que muda na prática para os brasileiros

Para os brasileiros, a nova política representa um incentivo direto para o turismo na China. Antes, era necessário obter o visto chinês mediante agendamento, envio de documentos e pagamento de taxas. Agora, basta ter um passaporte válido por pelo menos seis meses e apresentar passagem de retorno e comprovante de hospedagem.
A entrada sem visto é permitida para viagens de turismo, negócios, trânsito ou visita a familiares. Contudo, a regra não se aplica a quem pretende trabalhar, estudar ou permanecer por períodos superiores a 30 dias.
Repercussão no setor de viagens
A resposta foi imediata. De acordo com agências brasileiras, como a CVC, houve um crescimento de mais de 400% na procura por pacotes para destinos chineses desde a liberação. Os locais mais buscados incluem Pequim, Xangai, Shenzhen e a região de Guilin.
Empresas aéreas também têm ampliado rotas e frequências de voos, com destaque para conexões via Dubai, Doha e Istambul. Companhias como Qatar Airways, Emirates e Turkish Airlines passaram a promover campanhas específicas para passageiros que desejam visitar a China.
Trânsito facilitado para mais países
Além da isenção de vistos para estadias curtas, a China também mantém regimes de trânsito sem visto. Passageiros em conexão por até 24 horas em aeroportos internacionais não precisam de autorização prévia.
Existe ainda o programa de trânsito estendido, que permite a permanência de até 144 horas (seis dias) em cidades como Xangai, Guangzhou e Chengdu, desde que o viajante esteja em trânsito para um terceiro país. Essa modalidade abrange mais de 50 nacionalidades, o que facilita a inclusão da China em roteiros maiores pela Ásia.
Turismo como ferramenta diplomática
A medida adotada por Pequim não tem apenas motivação econômica, mas também geopolítica. Ao incluir países latino-americanos e árabes na lista de isenções, a China reforça sua presença nessas regiões e aprofunda a cooperação bilateral.
Com América do Sul, o gesto sinaliza aproximação política e abertura a novos acordos comerciais. No Oriente Médio, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes também foram contemplados, fortalecendo a chamada “Nova Rota da Seda”.
Benefícios para o turismo interno chinês
Internamente, a China aposta no turismo estrangeiro como motor para reativar a economia local. Hotéis, restaurantes, guias turísticos e centros culturais esperam aumento da demanda, sobretudo em regiões que historicamente dependem de visitantes internacionais.
Cidades como Hangzhou, Suzhou e Xi’an, além das já famosas Pequim e Xangai, preparam atrações específicas para estrangeiros. Há pacotes com experiências gastronômicas, roteiros históricos e visitas a áreas rurais e montanhosas.
Aposta em digitalização e modernização
Para atender ao novo perfil de visitantes, o governo chinês tem promovido a integração de estrangeiros ao ecossistema digital local. O uso de apps como WeChat e Alipay, antes limitados a residentes, agora está acessível a turistas por meio de cartões internacionais.
Também foram desenvolvidos sistemas em inglês e outros idiomas em estações de trem, aeroportos e pontos turísticos, facilitando a comunicação e a locomoção. Além disso, novas regulamentações permitem acesso mais fácil a chips de internet e serviços de pagamento mobile temporários.
Obstáculos e desafios a superar
Apesar das facilidades, especialistas alertam para alguns desafios. A malha aérea internacional ainda não foi completamente restabelecida, e alguns voos permanecem suspensos. Além disso, a barreira do idioma ainda é um ponto crítico fora dos grandes centros urbanos.
Outro fator é a percepção de segurança jurídica. Algumas nacionalidades ainda veem a China como um país com regras rígidas e imprevisíveis, especialmente em temas sensíveis como privacidade, censura e segurança nacional.
Expectativas para os próximos meses
A tendência é de continuidade na política de flexibilização. O governo chinês já indicou que poderá ampliar o número de países com isenção, assim como estender o prazo de permanência para algumas nacionalidades.
O objetivo, segundo autoridades de turismo, é alcançar novamente os níveis de 2019 já em 2025, com a meta de superar 35 milhões de visitantes estrangeiros até 2026. Para isso, há previsão de investimentos em campanhas internacionais, infraestrutura e integração regional.
Considerações finais
A liberação de vistos para brasileiros e outras nacionalidades representa um passo importante na reabertura da China ao mundo. Além de estimular o turismo e a economia local, a medida fortalece relações internacionais e contribui para a recuperação pós-pandêmica.
Com planejamento, ampliação da malha aérea e melhorias na recepção ao visitante estrangeiro, o país asiático pode consolidar-se novamente como um dos principais destinos globais. Para os brasileiros, trata-se de uma oportunidade inédita de explorar a cultura, a história e a modernidade chinesa — com menos burocracia e mais acessibilidade.













