A vida de Luciene Anselmo, de 30 anos, nunca foi fácil. Ela nasceu com uma malformação e deficiência no crescimento da mandíbula, uma síndrome chamada pelos médicos de microssomia hemifacial.
Na escola, sofria bullying e era chamada de monstro e nunca conseguiu um emprego por conta de sua aparência, mas o que mais lhe doeu, foi ser caçoada pelos colegas de escola de seus filhos, sobre ter uma “boca torta”. Mesmo com os pequenos, que têm nove e sete anos, a defendendo sempre, o ápice foi quando ouviu um comentário maldoso vindo de sua ex-sogra.
“Para que, meu filho, tanta mulher bonita na rua e você arrumou justo ela, cheia de defeito?”. Essa foi a frase que levou Luciene a buscar ajuda. Quando o ortodentista Marcelo Quintela, a encontrou, seu caminho estava prestes a mudar. Ele percebeu que havia a possibilidade de fazer algo por ela, então, uniu diversos profissionais que iniciaram um tratamento que preparasse a paciente para a cirurgia.
Com doações, Luciene conseguiu um plano de saúde com custo mensal aproximado a R$ 500 e usou um aparelho ortodôntico durante quase um ano e meio, pois sua mandíbula era para trás e não tinha queixo.
Em sua cirurgia, 12 profissionais estavam lá para ajudar o processo que corrigiria a respiração, o selamento labial e a estética facial da jovem em um procedimento que durou aproximadamente 11 horas. Foram inseridas duas próteses de titânio no lugar onde não havia ossos, para corrigir a articulação da boca.
Assim que viu o resultado, a paciente não acreditou naquela que via no espelho. “Minha filha sempre foi minha parceira, sempre esteve comigo e cuida de mim. Ela virou para mim e me disse como eu estava bonita. Nossa, foi especial. A minha mãe também teve a mesma reação”, conta.
Em apenas um mês, conseguiu seu primeiro emprego como atendente em uma empresa de telefonia e se mudou de Peruíbe, no litoral paulista, para o Rio de Janeiro.
Marcelo não esconde sua felicidade com a transformação de sua paciente: “A gente sempre soube que a Luciene é bonita. Nós tínhamos comentado isso. Como ela tem os terços superior e médio (partes superiores da face) bonitos, a gente restabelecendo o terço inferior, iria dar uma face harmônica. Mas a gente não imaginava que ia ficar tão bom e funcional”, confessa.
Luciene continuará tendo acompanhamento dentário mais um ano, além de passar com fonoaudiólogos para se adaptar com a sua nova musculatura.
Foto: José Claudio Pimentel – G1