A Boa do Dia

Cemitério “abandonado” é lar de moradores de rua de São Paulo. Alguns dormem nas tumbas

Publicado

em

Conheça a história de alguns sem-teto que moram em cemitério da cidade

Na última terça-feira a realidade das pessoas sem-teto que vivem na região do cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, São Paulo, foi exposta em uma reportagem da BBC.

A reportagem visitou o local, que é o segundo maior cemitério da cidade, e descobriu que cerca de 50 pessoas vivem em uma situação precária e deprimente.

Além disso, a conservação do lugar está comprometida pela falta de atenção da prefeitura com o ambiente. São cerca de 350 mil m², com 21 mil sepulturas e gavetas.

A equipe da empresa responsável pela limpeza diz não conseguir dar conta de tanto trabalho. “Quando terminamos um lado, o outro já está sujo”, explica funcionário.

Quem caminha por lá, dificilmente se sente em um cemitério, que costuma ter um clima melancólico e triste. O lugar parece um terreno abandonado que aos poucos está se transformando em uma comunidade.

Anúncios

O mato alto cobre as tumbas e se mistura com tendas e restos de móveis usados pelos moradores. Dentre tudo isso, alguns urubus brigam por pedaços de animais mortos.

Moradores

As pessoas que vivem por ali possui uma história, infelizmente, bastante comum entre os moradores de rua da cidade de São Paulo. Como podemos ver em páginas, como “São Paulo Invisível“, a maioria perdeu a família por causa das drogas.

Esse é o caso de Igor, 41 anos, que mora desde 2007 no cemitério. “A primeira vez que fumei crack foi no fim de 1993. Mesmo fumando com frequência, trabalhei como operador de empilhadeira, comunicação visual em várias empresas, além de tradutor e intérprete de japonês no bairro da Liberdade”, conta.

Ele aprendeu japonês em 1995, quando morou no Japão com sua avó materna. Na época, Igor foi preso por tráfico de drogas e corrupção de menores. Em 1997, foi deportado para o Brasil.

“Minha família não quer mais saber de mim. Hoje, a gente só se vê em velório, casamento e festa”, diz.

Anúncios

Já o jovem Lúcio, de 28 anos, veio de Belo Horizonte com sua família para tentar a vida como vendedor no bairro do Brás. As coisas não deram certo e sua esposa voltou para Minas com a filha de apenas oito anos.

“Sem trabalho, eu não consegui pagar aluguel e fui morar com a minha mãe na Vila Nova Cachoeirinha. Mas ela colocou muitas regras e não deu certo. Fui para a rua, virei camelô e vim para cá há cinco meses”, conta com lágrimas nos olhos.

Comunidade

Homens e mulheres vivem no local, sendo uma delas portadora de deficiência física. O única regra que as pessoas que vivem por ali impuseram para possíveis moradores é a de não levar crianças.

O ambiente é insalubre, em que muitas tumbas se encontram abertas, cercadas por urubus e insetos. Além disso, muitos “moradores” usam drogas por ali.

Segundo a reportagem, casas de concreto estão em processo de construção nas margens do cemitério, e o local está a beira de ser ocupado por essas pessoas. Alguns usam as tumbas como camas.

Anúncios
Prefeitura

A prefeitura assumiu não ter conseguido controlar de forma efetiva a tomada dos sem-teto do espaço público do cemitério. Conforme alguns funcionários retiramparte das tendas, outras são reerguidas tão rápido quanto.

A administração não informou o quanto gasta para manter a infraestrutura do local, mas disse enviar frequentemente a equipe do Centro de Zoonoses para remover os animais mortos e que existe uma empresa responsável pela limpeza e retirada de mato.

“A prefeitura nunca apareceu para tentar nos ajudar, só vem para derrubar nossos barracos. A Pastoral (do Povo de Rua) visita a gente uma vez por ano para saber se estamos vivos e só a Polícia Militar aparece sempre para ‘dar um salve’ na gente”, diz homem que pediu para não ser identificado.

“Já fui espancado e torturado aqui de joelhos durante horas por policiais. Eles nos chamam de viciados malditos, ficam perguntando onde estão os cachimbos e derrubam os barracos. Eles querem que a gente faça o quê? Vá para onde?”, questiona.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo e a Polícia Militar foram procuradas, mas não comentaram o caso.

Anúncios

Fonte: BBC

Destaques

Sair da versão mobile