Como comprar uma casa na Itália por 1 euro: o que está por trás da oferta que conquistou o mundo
O fenômeno das casas italianas por 1 euro
Comprar uma casa na Itália por apenas 1 euro parece um sonho impossível, mas é uma realidade em diversas cidades do país. O projeto surgiu como uma alternativa criativa para combater o abandono de vilarejos históricos e o envelhecimento populacional que assola pequenas comunidades italianas.
Com a fuga de jovens para grandes centros urbanos, muitas cidades ficaram cheias de casas abandonadas. Para evitar o colapso urbano e atrair novos moradores, prefeitos de várias regiões lançaram programas que oferecem imóveis a preço simbólico. Em troca, os compradores se comprometem a reformar e revitalizar as construções dentro de um prazo determinado.
O valor de 1 euro é, portanto, apenas o início de uma jornada que exige planejamento, investimento e disposição para encarar uma vida no interior italiano.
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Onde ficam as cidades que oferecem casas por 1 euro
Os programas de venda simbólica estão espalhados por várias regiões da Itália, mas a maioria está concentrada no sul e no interior do país, onde o despovoamento é mais acentuado.
Sicília
A ilha mediterrânea é uma das pioneiras no projeto. Cidades como Mussomeli, Sambuca di Sicilia e Gangi ganharam fama internacional ao disponibilizar imóveis históricos por 1 euro. Muitos estrangeiros, especialmente americanos e britânicos, compraram propriedades para transformá-las em moradias de verão ou hospedagens turísticas.
Calábria
Na região mais ao sul da península, municípios como Cinquefrondi e Bivona aderiram ao programa com o objetivo de recuperar o charme dos centros históricos e movimentar a economia local.
Sardenha e Puglia
Também há oportunidades em vilarejos da Sardenha e da Puglia, regiões conhecidas por sua paisagem natural e estilo de vida tranquilo. Nessas áreas, o foco está em atrair famílias e empreendedores dispostos a reabrir comércios e revitalizar ruas antigas.
Norte da Itália
Embora mais raros, alguns programas chegaram ao norte do país, especialmente em pequenas cidades dos Apeninos e do Piemonte. Nesses locais, o interesse maior vem de investidores que buscam imóveis turísticos próximos a rotas de montanha.
Como funciona o processo de compra

Comprar uma casa por 1 euro na Itália exige seguir um procedimento legal definido pelas prefeituras participantes. Cada cidade possui seu próprio regulamento, mas as etapas básicas são semelhantes.
1. Escolher o município
O primeiro passo é identificar as cidades que ainda possuem imóveis disponíveis. Prefeituras e portais especializados publicam editais com fotos, descrições e condições de cada casa.
2. Enviar proposta e plano de reforma
O interessado precisa apresentar um projeto detalhado, explicando como pretende reformar o imóvel e dentro de qual prazo. A proposta é avaliada pelas autoridades locais, que selecionam os compradores com base na viabilidade do plano e no compromisso de revitalizar o imóvel.
3. Pagar a taxa simbólica e a caução
Após a aprovação, o comprador paga o valor simbólico de 1 euro e deposita uma caução, geralmente entre 1.000 e 5.000 euros. Esse valor funciona como garantia de que a obra será concluída dentro do prazo. Quando as reformas terminam, a quantia é devolvida.
4. Iniciar as reformas
As obras devem começar em até um ano após a assinatura do contrato e ser concluídas em até três anos. O comprador precisa seguir as regras de preservação arquitetônica, principalmente quando o imóvel está localizado em zonas históricas.
5. Regularizar e habitar o imóvel
Concluídas as reformas, o comprador registra oficialmente a casa e passa a arcar com os impostos locais, como o IMU (imposto municipal sobre propriedade). A partir daí, pode residir no imóvel, alugá-lo ou transformá-lo em empreendimento turístico.
Custos reais: o que está além do 1 euro
Apesar do preço simbólico, adquirir uma casa nessas condições exige investimento significativo.
Obras e reformas
Grande parte dos imóveis está em ruínas. Os custos de restauração podem variar de 20 mil a 60 mil euros, dependendo do tamanho da casa, da localização e do estado estrutural. É comum que seja necessário reconstruir telhados, instalar sistemas elétricos, hidráulicos e reforçar paredes antigas.
Documentação e impostos
Além da reforma, há despesas burocráticas com advogados, tradutores, engenheiros e registros cartoriais. Também é necessário pagar impostos locais e taxas de licenciamento para iniciar a obra.
Custos de manutenção
Depois de concluída a reforma, o proprietário ainda precisa arcar com a manutenção regular e tributos anuais, como o imposto sobre lixo e iluminação pública.
Vantagens de comprar uma casa por 1 euro
Apesar dos desafios, o projeto apresenta vantagens que têm atraído pessoas de todo o mundo.
Preço simbólico
Mesmo com os custos adicionais, é possível adquirir um imóvel histórico na Itália por uma fração do preço de uma casa nas grandes cidades europeias.
Experiência cultural única
Restaurar uma casa antiga em um vilarejo italiano é também uma imersão cultural. Muitos estrangeiros relatam que o processo os aproximou da comunidade local, criando vínculos duradouros e experiências transformadoras.
Potencial turístico
Cidades participantes têm se tornado destinos populares entre turistas. Alguns compradores transformaram suas propriedades em bed & breakfasts ou casas de aluguel de temporada, criando uma nova fonte de renda.
Contribuição social
Participar do programa significa ajudar a preservar a arquitetura e a história de pequenas comunidades, impedindo que vilarejos se tornem cidades fantasmas.
Riscos e desafios
Comprar uma casa por 1 euro não é uma decisão para quem busca retorno rápido ou investimento sem riscos.
Reformas caras e demoradas
As condições precárias dos imóveis podem gerar surpresas desagradáveis. Algumas construções precisam de intervenções completas, elevando os custos bem acima do previsto.
Burocracia italiana
O processo de registro e autorização de obras pode ser lento, especialmente para estrangeiros que não dominam o idioma e o sistema jurídico local.
Localização isolada
Muitos vilarejos ficam afastados de grandes centros, o que pode significar acesso limitado a hospitais, escolas ou transporte público.
Obrigações contratuais
Quem não cumpre os prazos de reforma ou abandona o projeto pode perder o imóvel e a caução depositada.
O perfil ideal do comprador
O programa é ideal para quem busca qualidade de vida, tranquilidade e contato com a cultura italiana. Também atrai investidores que enxergam o potencial turístico dos vilarejos restaurados.
O comprador ideal deve ter:
- Recursos financeiros para arcar com as reformas;
- Paciência para lidar com prazos e burocracia;
- Interesse genuíno em integrar-se à comunidade local;
- Planejamento para transformar o imóvel em lar ou negócio.
Casos de sucesso
Diversos estrangeiros já concluíram reformas e se tornaram símbolos do sucesso do programa. Em Sambuca di Sicilia, por exemplo, uma americana transformou uma casa de 1 euro em uma charmosa hospedaria que hoje recebe turistas do mundo todo. Em Mussomeli, um casal francês reconstruiu uma residência do século XIX e passou a morar permanentemente na região.
Essas histórias inspiram outros compradores e mostram que, com dedicação e realismo, o projeto pode se tornar uma oportunidade de vida e investimento.
Vale a pena comprar uma casa por 1 euro?
A resposta depende do perfil e das expectativas de cada pessoa. Se o objetivo é simplesmente adquirir um imóvel barato, o programa pode decepcionar. Mas para quem deseja um projeto de vida, com experiência cultural e envolvimento comunitário, a iniciativa pode ser recompensadora.
Mais do que uma transação imobiliária, trata-se de um projeto social e cultural, que convida pessoas de todo o mundo a redescobrirem o valor do patrimônio histórico e a ajudarem na revitalização da Itália profunda.
Considerações finais
Comprar uma casa na Itália por 1 euro é uma mistura de sonho e desafio. O preço simbólico chama atenção, mas o verdadeiro investimento está na reforma, na paciência e no comprometimento com o futuro dessas pequenas cidades.
Com planejamento, orientação profissional e disposição, é possível transformar uma ruína centenária em um lar cheio de história — e participar de uma das iniciativas mais fascinantes da Europa contemporânea.


