Introdução: a importância de prestar atenção aos sinais urinários
O câncer de bexiga é um dos tumores mais frequentes do trato urinário e, quando descoberto em fases iniciais, apresenta altas taxas de sucesso no tratamento. O problema é que muitos sintomas são confundidos com situações simples, como infecção urinária ou esforço físico, o que faz com que parte dos pacientes atrase a procura por atendimento médico. O sinal mais característico é o sangue na urina (hematúria), que pode aparecer com ou sem dor. Outros sintomas como vontade frequente de urinar, ardência e sensação de urgência também devem acender o alerta, principalmente em pessoas com fatores de risco como o tabagismo ou exposição a substâncias químicas no ambiente de trabalho.
Leia Mais:
Estudo aponta que ultraprocessados podem aumentar risco de câncer de pulmão
Sintomas que merecem atenção
Sangue na urina: principal indicativo
O sintoma mais comum é a presença de sangue na urina, que pode ser visível (urina rosada ou avermelhada) ou identificado apenas em exames laboratoriais. Mesmo quando aparece de forma intermitente e sem dor, esse sinal deve ser investigado com atenção, já que pode indicar a presença de um tumor.
Alterações urinárias persistentes
Queimação ao urinar, necessidade de ir ao banheiro várias vezes durante o dia ou urgência súbita também são manifestações comuns. Muitos pacientes acreditam tratar-se de uma simples infecção, mas se esses sintomas voltam a ocorrer mesmo após o uso de antibióticos, é essencial buscar avaliação especializada.
Sinais de doença mais avançada
Quando o câncer já está em estágio mais agressivo, podem surgir dor lombar, dificuldade para esvaziar a bexiga, perda de peso sem causa aparente, fadiga intensa e inchaço nas pernas. Em casos mais raros, há dor óssea, sugerindo disseminação da doença.
Nem todo sangue indica câncer — mas sempre exige investigação
A presença de sangue na urina pode estar relacionada a cálculos renais, traumas, uso de medicamentos ou infecções. No entanto, a avaliação médica é indispensável para descartar causas graves. Exames de urina, ultrassonografia, tomografia e, sobretudo, a cistoscopia — que permite visualizar a bexiga por dentro — ajudam a definir o diagnóstico com precisão.
Fatores que aumentam o risco

Tabagismo
O cigarro é o maior vilão: fumantes têm risco várias vezes maior de desenvolver câncer de bexiga em comparação a não fumantes. Mesmo após parar, o histórico de tabagismo continua sendo considerado um fator de risco.
Exposição profissional a químicos
Trabalhadores de setores como indústria química, têxtil, de corantes e de borracha podem entrar em contato com substâncias cancerígenas, elevando significativamente a probabilidade de desenvolver o tumor.
Outros fatores relevantes
A idade avançada, o sexo masculino, histórico familiar, uso prolongado de determinados medicamentos, tratamentos prévios com radioterapia na região pélvica e infecções crônicas da bexiga também estão entre os elementos que aumentam a vulnerabilidade. Em algumas regiões do mundo, doenças parasitárias como a esquistossomose também têm relação com a incidência da doença.
Como é feito o diagnóstico
Exames laboratoriais e iniciais
O primeiro passo é o exame de urina, que pode identificar sangue microscópico e alterações celulares.
Cistoscopia: exame fundamental
A cistoscopia permite ao médico observar diretamente o interior da bexiga e coletar amostras para biópsia. Em muitos casos, o procedimento já remove parte do tumor, servindo tanto para diagnóstico quanto para tratamento inicial.
Exames de imagem
Ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética são recursos usados para avaliar o tamanho do tumor, se há comprometimento de estruturas próximas ou sinais de disseminação para outros órgãos.
Tipos de câncer de bexiga
O subtipo mais comum é o carcinoma urotelial, também chamado de transicional. Existem ainda formas mais raras, como o carcinoma escamoso e o adenocarcinoma. Saber o tipo específico é fundamental para definir a conduta médica.
Classificação por estágio
- Não músculo-invasivo: o tumor está restrito à camada superficial da bexiga.
- Músculo-invasivo: a doença já atingiu a camada muscular, o que exige tratamentos mais agressivos, como cirurgia ou terapias combinadas.
Essa diferenciação é decisiva para escolher a estratégia terapêutica.
Como é o tratamento
Casos não músculo-invasivos
A abordagem inicial é a ressecção transuretral (RTU), que remove a lesão. Depois, pode ser indicado o uso de medicamentos aplicados diretamente na bexiga, como a vacina BCG ou quimioterápicos intravesicais, para reduzir o risco de retorno da doença.
Casos músculo-invasivos
Quando a doença invade a musculatura, a cirurgia para retirada total da bexiga (cistectomia) pode ser necessária, geralmente associada a quimioterapia. Em alguns casos, combinações de rádio e quimioterapia são usadas para tentar preservar o órgão.
Doença avançada ou metastática
Para pacientes em estágio mais avançado, existem opções como imunoterapia e terapias-alvo, que buscam agir especificamente em mutações genéticas do tumor.
A importância do acompanhamento após o tratamento
Mesmo quando tratado, o câncer de bexiga pode voltar. Por isso, consultas regulares, exames de imagem e cistoscopias periódicas são parte essencial do acompanhamento. O intervalo entre os retornos varia conforme o risco individual do paciente.
Estratégias de prevenção
- Abandonar o cigarro: a medida mais eficaz para reduzir o risco.
- Usar equipamentos de proteção: especialmente em ambientes industriais.
- Hidratação adequada: beber bastante água ajuda a diluir substâncias nocivas na urina.
- Exames periódicos: fundamentais para grupos de maior risco.
Considerações finais
O câncer de bexiga é uma doença que pode ser controlada quando diagnosticada cedo. Reconhecer sinais como sangue na urina, dor ou urgência urinária e buscar atendimento médico rápido são atitudes que fazem diferença no resultado do tratamento. Além disso, reduzir fatores de risco — especialmente parar de fumar — e manter exames em dia são medidas poderosas de prevenção.













