O programa internacional asclepios vem se destacando como uma das iniciativas mais inovadoras no campo da educação espacial ao oferecer missões simuladas em uma base subterrânea nos alpes suíços. Voltado para estudantes de diversos países, o projeto recria com alto grau de realismo os desafios enfrentados em missões lunares e marcianas, combinando ciência aplicada, treinamento psicológico e vivência prática em ambientes extremos.
Com caráter educacional e sem fins lucrativos, a iniciativa busca preparar a próxima geração de profissionais espaciais por meio de experiências imersivas que vão além da teoria acadêmica, colocando os participantes diante de situações que exigem tomada de decisão sob pressão, trabalho em equipe e adaptação a condições adversas.
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Uma base subterrânea que simula o espaço profundo
Localização estratégica em antiga fortaleza militar
A estrutura utilizada pelo programa está instalada em sasso san gottardo, uma antiga fortaleza militar escavada na rocha, situada nos alpes suíços. A base conta com uma malha de túneis de aproximadamente 3,5 km, originalmente construída para fins defensivos, mas que agora foi adaptada para simular ambientes extraterrestres.
Ambiente controlado e condições extremas
A temperatura interna se mantém em torno de 6 °C durante todo o ano, criando um cenário frio, isolado e sem exposição direta à luz solar. Essas características permitem a simulação de cavernas lunares, túneis de lava e territórios marcianos, possibilitando testes realistas de suporte de vida, operações extraveiculares e convivência em espaços confinados.
Testes operacionais e adaptação ambiental
As condições controladas da base permitem a realização de experimentos em logística, planejamento de missões e gestão de recursos limitados, reproduzindo o cotidiano de astronautas em ambientes fora da terra.
Perfil dos participantes e formato das missões
Seleção internacional e diversidade acadêmica
Os participantes são selecionados entre estudantes de universidades e centros de pesquisa de diferentes países. As áreas mais comuns incluem engenharia aeroespacial, física, biotecnologia, medicina espacial e ciências ambientais.
Estrutura da missão asclepios 5
Na missão asclepios 5, por exemplo, uma equipe de nove estudantes formou a tripulação principal, enquanto cerca de 30 profissionais integraram o centro de controle em solo. Essa equipe é responsável por monitorar dados, coordenar atividades, validar protocolos e prestar suporte em tempo real.
Confinamento e rotina simulada
Durante cerca de 16 dias, os estudantes permanecem isolados na base, seguindo regras rigorosas que replicam missões reais. O uso de trajes específicos é obrigatório sempre que deixam as áreas internas, e a alimentação é composta por refeições desidratadas semelhantes às utilizadas em viagens espaciais.
Simulação de caminhadas lunares
As atividades externas ocorrem, em alguns casos, durante a noite, com iluminação mínima, simulando as condições do polo lunar. Em determinadas simulações, os participantes evitam luz solar deliberadamente para intensificar o realismo das experiências.
Cronobiologia e impactos na saúde
Projeto kronoespazio e ritmos circadianos
Um dos pilares científicos do programa é o estudo da cronobiologia. No projeto kronoespazio, os participantes utilizam dispositivos vestíveis que monitoram o sono, a temperatura corporal e os níveis de melatonina ao longo da missão.
Análises genéticas e comportamento fisiológico
Além das medições em tempo real, são coletadas amostras biológicas para análises genéticas relacionadas ao ciclo circadiano. O objetivo é compreender como a ausência de luz natural e o confinamento prolongado afetam o funcionamento biológico e cognitivo dos participantes.
Publicação científica e relevância acadêmica
Os dados obtidos serão publicados em periódicos científicos e apresentados em conferências internacionais, contribuindo para o avanço da pesquisa em saúde espacial e práticas de trabalho em ambientes isolados.
Formação complementar e experiências práticas
Treinamentos especializados
Os estudantes passam por treinamentos intensivos em primeiros socorros, sobrevivência, resgate e até voos parabólicos que simulam microgravidade. Essas atividades ampliam a compreensão prática sobre o funcionamento de missões espaciais.
Depoimentos e impacto profissional
Relatos como os do brasileiro mateus de magalhães e do pesquisador britânico matthew acevski evidenciam o impacto transformador da experiência. Segundo eles, a missão proporciona uma vivência única que complementa a formação acadêmica e orienta decisões de carreira no setor espacial.
Modelo acessível e financiamento colaborativo
Participação gratuita e democratização do acesso
Diferentemente de muitas simulações comerciais, o programa asclepios oferece participação gratuita aos estudantes selecionados. Essa abordagem busca ampliar o acesso e reduzir barreiras econômicas, permitindo que talentos de diferentes origens participem.
Fontes de recursos
O financiamento é obtido por meio de doações, campanhas de financiamento coletivo e patrocínios institucionais, garantindo sustentabilidade ao projeto sem comprometer seu caráter educacional.
Benefícios além da exploração espacial
Aplicações em contextos terrestres
Os organizadores destacam que as soluções desenvolvidas no programa não se limitam ao setor aeroespacial. Técnicas de reciclagem, economia de água e gestão de recursos em ambientes extremos podem ser adaptadas para regiões da terra afetadas por escassez hídrica e condições climáticas severas.
Inovação com impacto social
A engenheira-chefe lauren paulson ressalta que o desenvolvimento de soluções para o espaço frequentemente resulta em avanços tecnológicos aplicáveis em cenários urbanos e industriais, reforçando a relevância do projeto para a sociedade.
Resultados esperados e próximos passos
Avaliação contínua e aprimoramento
O primeiro relatório público da missão já foi divulgado, apontando resultados promissores em termos de desempenho cognitivo, resistência psicológica e adaptação fisiológica dos participantes.
Contribuições para missões reais
Espera-se que os dados coletados auxiliem na criação de protocolos mais eficazes para proteger a saúde de astronautas em missões reais, além de orientar políticas ligadas ao trabalho em turnos e ambientes isolados na terra.













