Mãe de coração é mãe tanto quanto qualquer outra, não concorda?! No caso de Rosangela Muraro, de Sorocaba, nada supera este amor maior. Principalmente agora, em um momento tão triste e feliz ao mesmo tempo.
Eu sei. Parece meio confuso, mas são esses os sentimentos que está mãe está sentindo agora. Ao mesmo tempo em que chega o Dia das Mães chega a memória de um filho que nunca mais dará aquele abraço apertado e aquele beijo gostoso na bochecha.
O que a conforta, pelo menos, é a presença de seus três outros filhos, todos adotivos, que jamais saíram de seu lado durante toda essa triste situação em meio a uma data tão simbólica.

“Eles me dão muita força, o tempo todo. Eu que tenho que agradecê-los por estarem comigo. Um pedaço da minha vida se foi, mas ainda tenho eles e a minha neta. A vida continua. Com muita dor, mas continua. Sou uma mãe abençoada por Deus ter me presenteado com três filhos adotivos e um anjo que passou pelas nossas vidas. O amor continua nesse laço entre nós”, relata ao G1.
De fato, os três só poderiam ser um presente de Deus que vieram do primeiro casamento de Rosangela. Após descobrir que não poderia engravidar com o marido na época, juntos decidiram recorrer à adoção. A fila contava com mais de 150 casais, mas eles continuaram firmemente com a decisão e adotaram Daniella, hoje com 28 anos, que foi rejeitada antes por apresentar um quadro de icterícia.
“Me disseram que eu não teria chance, mas quis tentar mesmo assim. Já enxergava o rosto dessa menina antes de vê-la. Quando me chamaram para ir ao hospital buscá-la, olhei nos olhos, no rosto dela e pensei: ‘exatamente como eu a imaginava'”, conta.

Mas foram só 9 anos depois que o casal decidiu que era a hora de tentar novamente em ter filhos e foram direto para a inseminação artificial. Porém, todas acabaram em frustração. Ou seja, era a hora de voltar mais uma vez para a fila de adoção. A pequena Rafaella, hoje com 19, rapidamente se aninhou nos braços da mãe e, oito meses depois, foi a vez de Gabriel, hoje com 18.
Infelizmente, a história do casal acabou não terminando tão bem, mesmo com o amor incondicional dos filhos e, eles acabaram se divorciando.
Porém, algum tempo depois, ela conheceu uma outra pessoa e, deste relacionamento, surgiu a possibilidade de uma criança, Kauã, que nasceu quando Rosangela tinha já seus 42 anos.


“Ele foi totalmente programado e desejado. Meus filhos eram muito ligados, não havia amor maior. Brincavam que o Kauã era o mascotinho. A minha neta era a paixão da vida dele. Descobri que o amor pelos meus outros três não era diferente do que eu sentia por ele”, disse.
Mas nem tudo eram rosas. No ano passado, os médicos descobriram que o menino tinha um subtipo de leucemia de linhagem ambígua. Para o tratamento, seriam necessários dois anos. Entretanto, dois meses após a quimioterapia, Kauã, com seus 10 anos de idade, simplesmente não resistiu.
“Ele tinha manchas vermelhas que apareciam e sumiam. Investigamos por 4 meses até que ele foi diagnosticado e começou a quimioterapia. Em nenhum momento se abateu. Era uma criança totalmente tranquila. Ainda não acredito [na morte dele]. Os irmãos sofreram com a perda porque não existe essa ponte, essa distância de sangue”, conta.

Depois de sua morte, Rosangela decidiu cremá-lo e deixou seu quarto com todas as coisas que ele tanto gostava. A dor é ainda é grande, principalmente nessa época do ano, mas a certeza de que seus outros filhos farão de tudo para vê-la sorrir é o que compensa tudo.
“Representam tudo pra mim, são meus filhos com certeza. Não vieram do útero, mas nasceram do coração. Eles me apoiaram tanto e nunca me abandonaram em nenhum momento. Eu que tenho que agradecê-los no Dia das Mães, cada um por estar na minha vida”, relata.
Verdadeira a força dessa mãe, não?!
Fotos: Rosangela Muraro/Arquivo Pessoal.












