Em 1977, o aborto já era um procedimento legalizado nos Estados Unidos, no entanto, muitos médicos gostariam de nunca precisar ajudar mulheres grávidas a seguir com tal ação.
A uma gestante chamada Mary, grávida de 28 semanas, um doutor recomendou a desistência da ideia de abortar e sugeriu que ela encaminhasse a criança à adoção caso estivesse realmente determinada a não criá-la. Sua justificativa era a de que poucos médicos estariam dispostos a seguir com o aborto de uma gravidez já tardia.
Contudo, as palavras do doutor entraram nos ouvidos de Mary tão rapidamente quanto saíram. Sem que nada a fizesse mudar de ideia, a “ex-futura mãe” encontrou um abortista, o Dr. William Baxter Wadill, para enfim se livrar do feto.
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Foto: Reprodução
Em 2 de março de 1977, Mary chegou ao hospital para seguir com seu aborto por envenenamento salino, método que consiste na inserção de uma agulha comprida até o saco amniótico da gestante, onde é injetado um líquido com uma toxina que aos poucos mata o bebê o queimando e o envenenando, para que no dia do parto ele nasça sem vida.
Sabendo do que o procedimento se tratava, Mary pediu para os médicos começarem o trabalho abortivo. E uma vez feito, agora era só esperar que a criança viesse já morta ao mundo. Porém, o destino havia preparado uma “surpresa” para a mãe.
No dia do parto, Mary deu à luz a uma menina. Ciente de que o bebê havia morrido, uma enfermeira o colocou em um balde para levá-lo a um laboratório de patologia. Só que no meio do caminho, a criança, de repente, começou a se mover. E então, ela se pôs a chorar.
As lágrimas da garotinha assustaram as enfermeiras, que sem saber o que fazer, pediram ajuda ao Dr. Wadill. Sem que a mãe soubesse que a filha estava viva, a equipe médica levou a criança para a enfermaria neonatal, onde prestaram todos os cuidados para que ela estivesse bem.
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Foto: Reprodução
Wadill ficou furioso. Sob o efeito da raiva, assim que chegou à clínica, logo ele começou a planejar o assassinato do bebê. A lei naquele momento exigia que dois médicos estivessem presentes para que um bebê prematuro pudesse ser considerado morto. Assim, com a ajuda de um outro médico, Dr. Ronald Cornelsen, Wadill poderia oficializar a morte da criança.
O que poucos contavam era com o breve momento de insanidade que tomaria conta da mente do médico abortista. Wadill tentou injetar cloreto de potássio no coração da criança, mas a tentativa foi frustrada pro Cornelsen. Na sequência, foi novamente impedido quando tentou afogar a menina. E em seu último momento de desespero para que a criança morresse, ela a estrangulou. Dessa vez, Cornelsen e as enfermeiras apenas assistiram: “Este bebê não pode viver ou será uma grande bagunça”, disse Wadill, que por 30 longos minutos, seguiu com o estrangulamento: “Essa menina não para de respirar!”, exclamava, irritado.
Finalmente, o profissional médico, aquele que deveria salvar vidas, concluiu a sua missão de tirar a de uma criança. Entretanto, o doutor foi denunciado e, dentro de alguns dias, se viu diante de um julgamento. Mas tão trágico quanto o crime, foi a sua sentença.
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O Dr. Wiiliam B. Waddill, em Westminster, 1979
Mesmo com testemunhas afirmando o crime e com a autópsia determinando que o bebê foi estrangulado, Dr. Wadill foi inocentado. Não houve sequer uma repreensão e tampouco a perda da licença médica e o abortista continuou atuando até meados dos anos 2000.
Apesar da justiça não ter sido feita, o caso de Wadill abriu muitas discussões a respeito do aborto e da ética médica. A defasada neonatologia da época também entrou em pauta. Muitos questionamentos foram feitos a respeito das chances da menina viver mesmo que não tivesse sido estrangulada. Com os trabalhos por melhorias, na década de 1990 mais de 90% dos bebês prematuros nascidos na casa das 27 semanas sobreviveram nos Estados Unidos, número que hoje é ainda maior. Estima-se que na década do crime, cerca de 70% das crianças conseguiam sobreviver.
Infelizmente, o final deste caso não foi feliz. Mas por linhas tortas, trouxe um problema à tona, o que salvou a vida de muitas crianças e ainda motivou com que houvesse uma fiscalização maior no país a respeito do aborto, pois em clínicas clandestinas geridas por profissionais despreocupados e despreparados, não apenas fetos foram vitimados, como também muitas mães.


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O Dr. Wiiliam B. Waddill, em Westminster, 1979









