Provavelmente você achou estranhas as marcas redondas e vermelhas no corpo de Michael Phelps e de outros atletas nestas olimpíadas. E deve, com certeza, estar se perguntando “o que diabos é isso?”. Não, antes que você fale alguma coisa, não são marcas de paintball e nem de qualquer outra coisa que você possa imaginar.
Na realidade, é algo bem diferente e bem antigo também, da medicina chinesa. O método chamado de ‘cupping’ é uma terapia antiga onde copinhos de vidro quentes são grudados no corpo da pessoa.
Bem, mas como isso é feito? A técnica, que é parecida com a acupuntura, acontece no momento que a pessoa “acende” um líquido inflamável em um copo de vidro.

Assim, quando a chama apaga, a caída da temperatura cria sucção ligando os copinhos ao corpo. E é com essa sucção que a pele acaba sendo puxada para longe do corpo, promovendo o fluxo do sangue. Mas não se preocupe. As manchas vermelhas geralmente saem em três ou quatro dias.
Ok. Você já entendeu como funciona a técnica, mas por que afinal os atletas estão usando isso? Simples: para aliviar a dor e também para ajudar na recuperação de tanto trabalho físico exigido nos treinos e nas competições.
É claro que há milhares outras técnicas que eles usam como massagem, sauna, banhos de gelo e compressões, mas para muitos a técnica do ‘cupping’ tem dado os melhores resultados. Quem sabe não é bom para nós também?

Para o ginasta americano, Alex Naddour, “tem sido o meu segredo durante esse ano que me mantêm saudável”. Pelo jeito funciona mesmo. Mas será?
Segundo os praticantes, o ‘cupping’ pode ajudar com uma grande variedade de doenças de problemas musculares, no alívio da dor, da artrite, da insônia, para problemas de fertilidade e até mesmo para a celulite.
A técnica, aparentemente, começou há 3.000 anos na China e também se tornou popular no Egito e mais tarde ao redor do globo. Antes dos copos de vidro aparecerem, o ‘cupping’ era feito com copos de bamboo.

Para o Doutor Long, que pratica a técnica já há 20 anos, a ideia é ajudar a energia a fluir – conhecido pela medicina tradicional chinesa como “qi” – por todo o corpo e reequilibrar o equilíbrio (o “ying e yang”). Assim, quanto mais escura a marca, mais pobre a circulação de sangue é.
Bom, mas será que de fato isso é bom mesmo? É realmente comprovado como uma solução para todos esses problemas? Segundo o professor, Edzard Ernst, do departamento de medicina complementar da Universidade de Exeter não, já que não existem evidências de sua eficácia além de não ter sido submetido à ensaios clínicos.

Além dele, o farmacologista e professor David Colquhoun, da Universidade de Londres, também não concorda que a prática seja eficaz e diz que é apenas “magia”. “O processo puxar um pouco da pele não irá fazer efeito no músculo em qualquer grau perceptível”, contou ele.
Sem falar que para alguns a técnica do ‘cupping’ pode causar riscos aos pacientes, assim nenhum terapeuta deveria promover esse tratamento.

Mesmo com todas essas afirmações, não são apenas os atletas que estão aderindo a esse tratamento. Artistas como Gwyneth Paltrow já apareceu com marcas na costas durante um evento, Justin Bieber, Victoria Beckham e Jennifer Aniston também. Pelo jeito, o ‘cupping’ veio para ficar, já que hoje é oferecido em diversos spas e salões de beleza.

Espere um pouco. A pergunta mais importante e ninguém fez ainda. Será que dói? O Conselho Britânico de Acupuntura diz que não, mas não é o que os atletas têm dito nas redes sociais. Muitos publicaram fotos dos momentos descritos como “dolorosos” .
Aliás, se você estiver pensando em fazer, vá em um lugar habilitado para isso, ok? Caso contrário, podem haver problemas como possíveis queimaduras e você não quer isso, quer?

- “Rindo, porque dói tanto. Vai deixar uma marca!”

- “Esse tipo de manhã de sábado. ‘Cupping’ é uma grande ferramenta de recuperação”.

- “Michael Phels provavelmente caiu no sono em cima de suas medalhas”.
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Existe até uma técnica um pouquinho diferente, chamada ‘wet cupping’ (‘cupping’ molhado) que geralmente envolve um corte na região onde o copo será colocado para que então um pouco de sangue é extraído com a sucção. Loucura, não? Você tentaria?
Entenda melhor no vídeo:

B. Ponzio
Fotos: Ryan Pierse, Getty Images, Twitter, Welcome Library, LFI, Thinkstock, Pavel Sankovich Instagram, Natalie Coughl Instagram, Reuters, ALEX LIVESEY / GETTY, AP PHOTO / LEE JIN-MAN












