A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta semana a proibição da distribuição e venda de diversos lotes de canela em pó no mercado nacional. A medida, inédita e em caráter urgente, foi motivada pela suspeita de contaminação por substâncias nocivas, o que elevou o nível de atenção sobre o consumo de um produto popular em lares e comércio, utilizado diariamente por milhões de brasileiros.
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Por que a Anvisa decidiu proibir a canela em pó?
Risco químico identificado
As amostras recolhidas pela Anvisa apresentaram níveis suspeitos de cumarina e toxinas fúngicas, como o ocratoxina A, além de possível presença de pesticidas químicos. Ambas podem causar efeitos tóxicos agudos ou crônicos ao organismo humano. A cumarina, em excesso, está relacionada a danos ao fígado; a ocratoxina A tem potencial cancerígeno, segundo especialistas.
Procedimento adotado pela Anvisa
A agência solicitou o recolhimento de lotes nas redes de supermercados, padarias e indústrias alimentícias. Estabeleceu prazo de 72 horas para retirada dos produtos e para que fornecedores apresentem laudos laboratoriais que comprovem a segurança dos itens. Enquanto isso não ocorre, os lotes permanecerão suspensos.
Monitoramento pós-proibição
As cargas retidas estão sendo encaminhadas a laboratórios credenciados para análise mais detalhada. A Anvisa promete divulgar os resultados em até 30 dias e orientar eventuais ações judiciais e administrativas caso seja comprovada a infração sanitária.
Produtos afetados e empresas envolvidas

Marcas mais populares
Embora a Anvisa tenha mantido sigilo sobre algumas amostras, identificou que lotes de canela em pó das marcas AlphaSpice, BemTemperado e TropicalSpice foram recolhidos preventivamente. Essas marcas correspondem a cerca de 40% do volume de canela vendida em todo Brasil.
Impacto no setor de alimentos
A recolha atinge padarias, indústrias de panificação, docerias e a cadeia de cafés, já que canela é ingrediente chave em produtos típicos como rosca, bolos, doces e cafés especiais. O setor de cafés gourmet e massas doces artesanais declarou preocupação com a dificuldade de reposição e possíveis prejuízos financeiros.
Prazos e penalidades previstas
Fornecedores têm até 10 dias para apresentar documentação que comprove a conformidade nutricional do produto ou comprovar o descarte adequado das cargas. Caso contrário, incidirá multa diária e suspensão das atividades junto ao órgão regulador.
Quais são os riscos ao consumidor?
Danos à saúde imediatos e a longo prazo
A ingestão de canela contaminada pode acarretar danos ao fígado, rins e sistema digestivo. Em casos extremos, a exposição prolongada a toxinas como a ocratoxina A aumenta o risco de câncer renal e hepático. Sintomas como náuseas, dores abdominais, icterícia e fadiga são comuns em exposições agudas.
Grupos mais vulneráveis
Gestantes, crianças e pessoas com doenças crônicas devem redobrar a atenção. A cumarina é absorvida de forma mais intensa por esses grupos, potencializando o risco de intoxicação. Além disso, pessoas que consomem suplementos ou adoços de canela em cápsula também estão em alerta.
Alerta para uso em receitas caseiras
Apesar de muitas famílias guardarem canela em potes caseiros, é fundamental verificar a procedência. Aqueles mantidos por longos períodos sem controle de umidade e temperatura podem desenvolver fungos e perder qualidade, mesmo se indicados por vendas anteriores.
Como o consumidor deve proceder
Identificação e descarte seguro
A Anvisa disponibilizou lista oficial com os lotes suspensos. Recomenda-se conferir a etiqueta do produto, data de fabricação e validade. Em caso de dúvida, o produto deve ser descartado em embalagem lacrada e entregue em posto de coleta de resíduos domiciliares.
Passo a passo em caso de contaminação
- Verifique se o lote está na lista de suspensão. Use o site da Anvisa.
- Não consuma a canela. Evite utilizar em alimentos ou bebidas.
- Descarte de forma responsável. Use lacre e destine ao lixo comum.
- Consulte um médico se surgirem sintomas como náusea, dor abdominal ou mal-estar após consumo.
A quem recorrer
Consumidores podem registrar denúncia no site ou aplicativo “Portal da Anvisa” ou pela ouvidoria regional. Comunicar também o PROCON do estado pode garantir acompanhamento jurídico e possibilidade de reembolso.
Alternativas seguras à canela em pó contaminada
Uso da canela em pau
A canela em pau, menos processada, tende a apresentar menor grau de contaminação química. Se for bem armazenada — em recipiente hermético, longe de calor e umidade — pode ser usada com segurança. Continue atento à procedência e data de validade.
Outras especiarias aromáticas
Substitutos como noz‑moscada, cravo‑da‑índia, gengibre e cardamomo oferecem sabor e aroma intensos semelhantes, sem os riscos químicos detectados na canela:
- Noz‑moscada e cardamomo ressaltam aromas doces;
- Cravo‑da‑índia oferece notas mais picantes e intensas;
- Gengibre acrescenta sabor fresco e levemente picante, ideal para chás e produtos de panificação.
Linha de produtos certificados
Marcas com certificação orgânica e produtos com selos de segurança alimentar de organismos internacionais estão à disposição do consumidor. A Anvisa sugere buscar produtos com selos como IBD, USDA Organic e certificações europeias.
Como evitar problemas futuros
Exigência de fiscalização
Especialistas defendem que a Anvisa amplie o monitoramento das linhas de especiarias, incluindo canela importada e nacional. Amostragens constantes e aleatórias são essenciais para evitar novas contaminações.
Produção verticalizada controlada
Propostas para agricultura familiar controlar desde o cultivo à moagem são analisadas. O objetivo é reduzir a exposição do produto a pesticidas e fungos, garantindo rastreabilidade do lote.
Educação nutricional
Campanhas para orientar consumidores sobre armazenamento e uso de especiarias são fundamentais. Conforme ressaltam nutricionistas, o uso consciente garante saúde e evita desperdícios.
Repercussão nas redes e na mídia
Reação imediata dos consumidores
A notícia provocou alerta geral nas redes sociais: posts com #CanelaDoBem e #AlertaAnvisa viralizaram. Consumidores compartilham fotos de pacotes abertos e expressam preocupação com bolos, doces, cafés consumidos nos últimos dias.
Resposta das marcas
As empresas envolvidas emitiram nota informando que os lotes afetados foram recolhidos e que estão colaborando com a fiscalização. Prometeram reforçar os critérios de controle de qualidade e transparência com os consumidores.
Especialistas em destaque
Médicos e microbiologistas lembram que, apesar da popularidade da canela, seu consumo deve ser moderado. Segundo eles, o equilíbrio é importante entre benefícios (antioxidantes e digestivos) e riscos, quando mal conservada.
O que esperar nos próximos passos
Novas análises e produção segura
A Anvisa promete aumentar a amostragem de especiarias nos próximos meses. Simultaneamente, empresas deverão apresentar laudos detalhados e renovar contratos com fornecedores confiáveis.
Regulamentação mais rígida
A Câmara dos Deputados discute projeto de lei que tornaria obrigatória a certificação de pureza de especiarias nacionais, incluindo canela. O projeto prevê penalidades como multa de 100 mil reais por lote contaminado e recall automático sem aviso prévio.
Educação contínua
A Anvisa planeja vídeos educativos, guias de boas práticas para armazenamento domiciliar e cursos para comerciantes e produtores. O objetivo é criar consciência em toda cadeia de consumo.
Considerações finais
A recente proibição de lotes de canela em pó reacende um alerta vital: até mesmo itens do dia a dia podem oferecer riscos à saúde se não cumprirem padrões sanitários. Diante do potencial tóxico identificado, é crucial que consumidores, produtores e autoridades reforcem a segurança alimentar. O caso mostra que vigilância, transparência e educação são aliados indispensáveis para garantir que o sabor, o aroma e os hábitos culinários não comprometam a saúde pública.













