Cantora aciona INPI para resguardar direitos de marca
A artista Anitta está no centro de um embate judicial envolvendo o uso de seu nome em uma nova linha de cosméticos. O caso ganhou visibilidade após a cantora se posicionar contra um pedido feito por uma farmacêutica ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que visa registrar a marca “Anitta” para uso comercial.
Segundo o processo, Anitta busca impedir que seu nome artístico seja utilizado por terceiros em produtos de beleza, o que, na visão de sua equipe jurídica, poderia gerar associação indevida e confusão entre o público consumidor.
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A disputa teve início quando a farmacêutica Farmoquímica, conhecida por comercializar medicamentos e produtos voltados à saúde, apresentou ao INPI uma solicitação para registrar a marca “Anitta” para uma nova linha de cosméticos. A empresa, vale lembrar, já possui em seu portfólio o medicamento “Annita” (com dois “n”), um vermífugo amplamente vendido no país desde os anos 2000.
O problema surgiu porque o novo pedido de marca envolve um setor em que a própria cantora já atua — o de cosméticos —, com registro prévio em seu nome, abrangendo categorias como maquiagem, perfumes e produtos de higiene.
A reação da artista e os fundamentos de sua oposição

Argumentos apresentados pela equipe jurídica de Anitta
Anitta, cujo nome verdadeiro é Larissa de Macedo Machado, recorreu ao INPI para apresentar uma oposição formal ao pedido. Seus advogados argumentam que o uso comercial do nome pela farmacêutica poderia causar confusão junto ao público, uma vez que o nome artístico da cantora já está consolidado no mercado e possui registro para uso em categorias semelhantes.
Potencial de associação indevida
A equipe da artista destacou que a semelhança entre as marcas — principalmente por se tratar de nomes idênticos foneticamente — pode induzir consumidores ao erro, acreditando que os produtos da farmacêutica estariam ligados à imagem ou à aprovação da cantora. Essa possibilidade fere princípios de proteção da marca e identidade pública.
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O Instituto Nacional da Propriedade Industrial é o órgão responsável por registrar e proteger marcas, patentes e desenhos industriais no Brasil. Ele segue regras que visam evitar a sobreposição de marcas em segmentos semelhantes, de forma a garantir que o consumidor final não seja prejudicado ou induzido a erro.
Em casos como esse, quando uma marca já registrada alega que uma nova solicitação pode gerar conflito de mercado, cabe ao INPI analisar os argumentos de ambas as partes antes de deferir ou indeferir o pedido.
Preservação da imagem e identidade no mercado
Famosos e a proteção jurídica sobre seus nomes
O caso de Anitta não é isolado. Celebridades costumam registrar seus nomes como marcas para evitar que terceiros se aproveitem do valor simbólico e comercial construído ao longo de suas carreiras. É uma prática comum entre artistas, atletas e influenciadores digitais que buscam preservar seus ativos de propriedade intelectual.
Marcas que viraram produtos
A marca “Anitta” já está vinculada a diversos produtos de beleza e projetos da cantora, incluindo perfumes, esmaltes e colaborações com grandes empresas do setor. Qualquer associação não autorizada pode impactar negativamente sua imagem, além de prejudicar negociações e parcerias comerciais legítimas.
Farmoquímica: histórico e interesses comerciais
De vermífugo a cosméticos?
A Farmoquímica já atua no setor de saúde com o medicamento “Annita”, o que por si só não representa violação direta, dado que medicamentos e cosméticos são categorias distintas no registro de marcas. No entanto, ao expandir para o mercado de beleza usando um nome foneticamente idêntico ao da cantora, a empresa se aproxima de um campo já explorado por ela, levantando preocupações sobre concorrência e confusão mercadológica.
Casos semelhantes no Brasil e no mundo
Disputas de nomes e marcas com celebridades
Casos como esse não são novidade. A atriz Carolina Dieckmann, por exemplo, já travou batalha judicial para impedir o uso de seu nome por uma marca de roupas. No exterior, Beyoncé, Rihanna e Taylor Swift também são exemplos de artistas que ampliaram a proteção de seus nomes por meio de registros em múltiplas categorias.
Esses precedentes reforçam o direito à exclusividade da marca pessoal quando o nome se torna parte da identidade comercial do artista.
Impactos jurídicos e empresariais
A decisão do INPI pode moldar o futuro das marcas pessoais
A decisão a ser tomada pelo INPI no caso Anitta x Farmoquímica pode gerar efeitos significativos para o mercado e para futuras disputas envolvendo nomes artísticos. Caso o órgão entenda que o pedido da farmacêutica não infringe os direitos da cantora, isso poderá abrir brechas para o uso de nomes semelhantes em setores correlatos.
Proteção da propriedade intelectual no cenário digital
Em uma era onde a imagem pública pode ser monetizada em diversas plataformas, desde produtos físicos até redes sociais e NFTs, o controle sobre o nome se torna cada vez mais essencial. Anitta, como empresária e influenciadora, entende bem esse movimento e, por isso, age preventivamente para evitar prejuízos.
O que pode acontecer a seguir?
O processo ainda está em andamento e aguarda a análise final do INPI. Entre as possíveis desfechos estão:
- Indeferimento do pedido da farmacêutica, favorecendo a cantora;
- Concessão parcial, com limitações de uso;
- Abertura para negociações ou acordos entre as partes.
Enquanto isso, o caso serve como alerta para outros artistas que ainda não protegeram seus nomes de forma adequada.
Considerações finais
A disputa entre Anitta e a Farmoquímica é mais do que uma questão de vaidade ou marketing. Trata-se de um embate jurídico que envolve propriedade intelectual, identidade de marca e os limites do uso comercial de nomes artísticos. Em um mercado onde a imagem vale tanto quanto o produto, garantir o controle sobre o próprio nome se torna um passo estratégico para quem atua no entretenimento e nos negócios.
A decisão do INPI será determinante não apenas para Anitta, mas também como precedente em futuras disputas entre empresas e personalidades públicas. Até lá, a cantora segue defendendo aquilo que construiu com sua trajetória: seu nome e sua marca.













