O levantamento que repercutiu nas redes
Uma pesquisa da plataforma Date Psychology chamou atenção ao divulgar um ranking de 74 hobbies masculinos avaliados por mulheres como mais ou menos atraentes em um possível parceiro. O estudo ganhou repercussão internacional porque apontou que assistir anime aparece entre os menos valorizados. A informação rapidamente viralizou, gerando debates entre fãs, críticas ao preconceito contra a cultura nerd e questionamentos sobre a validade do levantamento.
Segundo a metodologia divulgada, as participantes precisavam escolher se cada hobby listado era “atraente” ou “não atraente” em homens, formando assim um ranking. Atividades como ler, aprender novos idiomas, tocar instrumentos e cozinhar ficaram entre as mais bem avaliadas, enquanto outros hábitos, como consumir pornografia, discutir em fóruns on-line, especular com criptomoedas e assistir anime, figuraram na parte de baixo da lista.
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O que significa estar entre os hobbies menos atrativos
A leitura dos resultados
Para especialistas em comportamento, hobbies considerados “atraentes” costumam estar ligados a traços desejados em relacionamentos, como disciplina, criatividade, sensibilidade cultural ou habilidade prática. Já os menos valorizados tendem a ser vistos como associados a imaturidade, isolamento ou escapismo.
O caso do anime
Apesar de o anime ser uma forma de arte com uma produção vasta e diversificada, o estudo acabou agrupando-o em um estereótipo específico: o de atividade ligada ao universo nerd e masculino, muitas vezes visto como distante de responsabilidades adultas. Esse tipo de simplificação reforça preconceitos, mas também mostra como certos interesses ainda carregam estigmas sociais.
Limitações do levantamento
Ausência de dados técnicos
Embora tenha ganhado visibilidade, o levantamento não apresentou uma ficha metodológica completa. Não há informações detalhadas sobre o perfil das participantes, faixa etária, localização geográfica e margem de erro. Muitas publicações destacaram que o estudo teria sido feito no Reino Unido, mas não há comprovação transparente.
Interpretação cuidadosa
Isso significa que a pesquisa deve ser vista como um termômetro cultural, e não como uma verdade absoluta. Ela reflete percepções de um grupo específico, em um contexto cultural determinado, e não “a opinião das mulheres” como um todo.
Por que certos hobbies são bem avaliados
Atividades que sinalizam valor
Hobbies como leitura, culinária, tocar instrumentos musicais ou aprender idiomas receberam as melhores avaliações. Eles comunicam interesse em cultura, desenvolvimento pessoal e habilidades que podem ser compartilhadas em casal. Essas práticas indicam dedicação, paciência e curiosidade — atributos geralmente associados a bons parceiros.
Competências práticas e sociais
Também se destacaram atividades relacionadas ao cuidado com o lar ou com o corpo, como cozinhar, praticar esportes e viajar. Esses hobbies não apenas mostram competência prática, mas também ampliam as possibilidades de convivência e interação social.
Por que o anime ainda carrega estigmas

Uma cultura multifacetada
O termo “anime” engloba uma enorme variedade de obras, que vão de produções infantis a dramas complexos e filosóficos. No entanto, quando citado em pesquisas como essa, é tratado de forma generalizada, reforçando a imagem de um consumo associado apenas a adolescentes ou adultos imaturos.
A influência das comunidades on-line
Parte da percepção negativa vem também da associação entre fóruns virtuais, discussões tóxicas e comportamento obsessivo de alguns fãs. Essa parcela barulhenta do público pode gerar uma imagem distorcida sobre todos os apreciadores do gênero.
A questão da apresentação
Muitos psicólogos que analisam comportamento em relacionamentos afirmam que a forma como o hobby é comunicado importa tanto quanto o hobby em si. Um homem que diz gostar de “histórias japonesas, cinema de animação e narrativas culturais diferentes” pode soar mais atrativo do que alguém que se define apenas como “otaku” em um aplicativo de namoro.
Diferença entre tédio e afinidade
O levantamento reforça a ideia de que hobbies funcionam como atalhos de compatibilidade. Eles ajudam potenciais parceiros a projetar valores e estilos de vida. No entanto, preferências são altamente individuais. Enquanto algumas mulheres rejeitam hobbies ligados à cultura nerd, muitas outras buscam parceiros com esses mesmos interesses, justamente por compartilharem afinidades.
Como transformar o hobby em ponto positivo
Contextualização
Apresentar o interesse por anime de forma equilibrada, mostrando variedade de gêneros e obras maduras, pode ajudar a quebrar estigmas.
Equilíbrio
Demonstrar que o hobby faz parte de um conjunto mais amplo de atividades — como esportes, leitura, viagens ou vida social — evita a impressão de isolamento.
Socialização
Participar de eventos, festivais de cinema e encontros culturais relacionados ao tema mostra que o interesse vai além da tela e pode ser uma ponte para novas experiências.
O impacto da pesquisa nas redes sociais
O estudo rapidamente se tornou tema de discussões em fóruns, páginas de cultura pop e redes sociais. Muitos fãs de anime defenderam que a percepção é injusta, destacando a diversidade e a profundidade das produções japonesas. Outros reconheceram que, em certos contextos, o estereótipo associado ao hobby pode realmente afetar a forma como ele é percebido.
Considerações finais: entre rótulos e preferências pessoais
A pesquisa da Date Psychology trouxe à tona um debate interessante sobre como hobbies funcionam como marcadores sociais de atração. O fato de o anime aparecer entre os menos atrativos não significa que homens que gostam desse universo sejam menos capazes de atrair parceiros, mas sim que o contexto cultural ainda carrega preconceitos ligados a esse interesse.
Mais importante do que o hobby em si é a maneira como ele é apresentado e equilibrado com outras áreas da vida. Afinal, relacionamentos são construídos na soma de afinidades, respeito e estilo de vida compartilhado — muito além de rankings de internet.













