Chernobyl ainda abriga muitos animais que vivem nas ruas e ONG foi atrás deles para provar que não causam risco algum
A história da cidade ucraniana de Chernobyl possui diversas vertentes, após ela tornar-se fantasma devido a um acidente nuclear em 1986. Os poucos moradores que ainda vivem no local lutam para conseguir manter-se diante da fome e radiação presentes, mas não são apenas humanos.
Após o acidente, mais de 120 mil pessoas foram obrigadas a deixar a região e nenhuma teve permissão de levar os animais junto. O número de cães e gatos abandonados tornava-se cada vez maior com o passar dos dias. Muitos morreram durante os trabalhos de contenção da radiação, mas os que sobreviveram criaram novas gerações. Hoje, cerca de mil cães, descendentes dos abandonados na cidade em 1986, também possuem sua própria luta para sobreviver na região. Esses animais se renderam ao seu instinto e natureza ao aprender a se sustentarem e viverem sozinhos.
Chernobyl, de alguma forma, foi esquecida pelo mundo, mas é importante lembrar quem ainda vive na cidade, por não ter outro lugar para ir. Por isso, a ONG Clean Futures Fund decidiu visitar o local para poder vacinar os cachorros. Outro objetivo, mais do que preciso, é acompanhar de perto a contaminação por radiação e ajudá-los a conseguir uma adoção. Além disso, a organização pretende assegurar uma relação mais saudável entre eles e cerca de 3.500 pessoas que ainda vivem no local.

Lutando pela vida dos animais
Quem conversou com um dos ativistas da ONG foi o UOL. Lucas Hixson, especialista em radiação, visitou Chernobyl pela primeira vez em 2013, quando percebeu uma imensa quantidade de animais dóceis vivendo por lá. “Mas o governo não tinha uma boa solução para lidar com os cães. Percebemos que todos ali, humanos e animais, sem a vacinação, estavam expostos à raiva”, disse ele.

“Temos que pensar na perspectiva do trabalhador que vive lá. Ele está na Ucrânia, um país com uma economia em crise, com muita corrupção, sem esperança de futuro e com um conflito armado contra a Rússia. E todo dia eles precisam levantar a trabalhar no local mais contaminado do mundo. Ele vai para o trabalho e vê esses cães, e as pessoas têm essa reação natural quando veem um cachorro: elas sorriem, interagem com esses animais. Nosso foco é esse relacionamento, permitindo que eles possam interagir sem risco”, afirmou Lucas.

Atualmente está proibido retirar qualquer animal da zona de exclusão, para evitar que a radiação de espalhe por outras regiões do mundo. No entanto, a ONG tem agido ao recolher alguns cães para realizar estudos que comprovem que não há risco de contaminação. “Se você os lava, dá comida e água limpas por um tempo, eles não vão representar nenhum perigo por causa do local em que nasceram. Nossa ideia é convencer o governo a permitir o resgate destes animais”, disse Lucas.

Esperamos que as pessoas possam abrir seus olhos a esses animais e adotá-los. Isso, claro, após o governo constatar que eles estão perfeitamente aptos a receber uma família nova, sem chance de contaminação.













