O nome por trás da estratégia econômica liberal no Brasil
Adolfo Sachsida tornou-se um dos principais defensores do liberalismo econômico no Brasil contemporâneo. Com formação técnica sólida, trânsito entre o mundo acadêmico e os bastidores do poder, ele construiu passo a passo uma trajetória marcada por ideias, planejamento e execução estratégica.
Do campo das pesquisas econômicas às decisões de ministério, Sachsida é um exemplo de como o capital intelectual pode se transformar em influência política de alto impacto. Sua trajetória revela não apenas um técnico competente, mas um articulador ideológico com visão de longo prazo.
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Origens humildes e vocação para o estudo
Adolfo Sachsida nasceu em Londrina, no Paraná, em 1973. Vindo de uma família simples, enfrentou os desafios comuns de muitos brasileiros que buscam ascensão social por meio da educação. Desde cedo, demonstrou aptidão para matemática e lógica, áreas que acabariam moldando sua formação.
Graduação, mestrado e doutorado em economia
Formado em Economia pela Universidade Estadual de Maringá, Sachsida seguiu os estudos com mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e doutorado na Universidade do Alabama, nos Estados Unidos. Lá, teve contato direto com as ideias liberais em sua forma mais aplicada, principalmente ligadas à Escola de Chicago.
A influência de Milton Friedman e da Escola Austríaca
Durante sua formação, Sachsida mergulhou nos trabalhos de pensadores como Milton Friedman, Friedrich Hayek e Ludwig von Mises. A partir daí, passou a defender com convicção a redução do papel do Estado na economia, o livre mercado e a responsabilidade fiscal como pilares para o desenvolvimento.
Consolidação como pesquisador e técnico influente
Anos no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
Sachsida atuou por mais de uma década no IPEA, onde se destacou por estudos voltados à eficiência do gasto público, política energética, segurança jurídica e avaliação de políticas sociais. No instituto, publicou dezenas de artigos e papers técnicos.
A defesa da desestatização e da racionalização fiscal
Já nesse período, Sachsida começou a se posicionar favoravelmente à privatização de estatais e à revisão de subsídios públicos. Seus estudos defendiam que o excesso de intervenção estatal limitava a competitividade brasileira.
Reconhecimento no meio técnico
Por sua postura técnica e rigor analítico, Sachsida ganhou espaço em eventos acadêmicos, reuniões ministeriais e debates televisivos. Tornou-se referência entre economistas liberais e foi chamado a colaborar com diferentes propostas legislativas.
A entrada na política: bastidores do governo Bolsonaro

Convite para o Ministério da Economia
Em 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro e a indicação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia, Adolfo Sachsida foi chamado para compor a equipe técnica. Inicialmente, assumiu a Secretaria de Política Econômica.
Atuação na reforma tributária e fiscal
Como secretário, Sachsida teve papel importante na elaboração da proposta de unificação de tributos e na defesa da responsabilidade fiscal. Era visto como uma ponte entre o pensamento técnico e as diretrizes do ministro Guedes.
Posicionamento firme em temas sensíveis
Ao contrário de muitos técnicos que preferem a neutralidade pública, Sachsida se posicionava com clareza em defesa de ideias liberais, como a independência do Banco Central, o teto de gastos e a redução do papel do Estado.
Ministério de Minas e Energia: o ápice da gestão pública
Nomeação como ministro em 2022
Em maio de 2022, após a saída de Bento Albuquerque, Sachsida assumiu o Ministério de Minas e Energia. Sua nomeação foi considerada um movimento ousado por levar um liberal convicto a um dos setores mais estratégicos e sensíveis do país.
Primeira medida: pedido de estudos para privatização da Petrobras
Em sua posse, Sachsida afirmou que seu primeiro ato seria solicitar ao Ministério da Economia e ao PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) estudos para a desestatização da Petrobras e da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.). A declaração causou forte impacto no mercado e no debate público.
Gestão voltada à liberalização do setor energético
Durante seu período à frente do ministério, Sachsida buscou promover maior abertura do setor de energia elétrica e de combustíveis, defendendo contratos de longo prazo, ampliação do mercado livre e transparência nos preços.
Críticas e resistências
Suas propostas enfrentaram forte resistência de setores sindicais, de parte do Congresso e até de alas internas do governo. No entanto, Sachsida se manteve firme em sua agenda e deixou o cargo com uma reputação de coerência técnica.
Os bastidores de sua influência e rede de apoio
A base ideológica e o apoio de think tanks
Ao longo da carreira, Sachsida cultivou laços com think tanks liberais como o Instituto Millenium e o Instituto Liberal. Essa rede ajudou a difundir suas ideias e fortalecer sua imagem junto ao empresariado e formadores de opinião.
A força do discurso bem estruturado
Além do conhecimento técnico, Sachsida se destacou pela capacidade de comunicação. Seus artigos, entrevistas e pronunciamentos costumavam ser diretos, com frases de efeito e argumentos pautados em dados.
“O Estado precisa caber no bolso do contribuinte”
Frases como essa sintetizam sua visão sobre o papel do governo. Ele defendia que a máquina pública deveria ser eficiente, limitada e subordinada ao interesse da sociedade — não ao da burocracia.
O legado e os próximos passos
Figura de referência no liberalismo brasileiro
Mesmo após o fim do governo Bolsonaro, Sachsida continua sendo uma das principais referências do liberalismo econômico no Brasil. Suas ideias continuam influenciando debates no Legislativo, nas universidades e no setor produtivo.
Possível retorno à vida pública
Com a mudança de cenário político, existe especulação sobre uma eventual candidatura ou retorno à equipe econômica de algum novo governo com viés liberal. Até agora, ele tem mantido uma postura discreta, mas ativa nos bastidores.
Consultoria, palestras e articulação
Atualmente, Adolfo Sachsida tem atuado como consultor, articulista e palestrante. Suas apresentações continuam mobilizando grandes audiências interessadas em entender os rumos da economia nacional sob a ótica liberal.
Considerações finais: a construção paciente de um império de ideias
A trajetória de Adolfo Sachsida mostra que não é preciso começar no topo para influenciar decisões nacionais. Com base sólida em conhecimento, coerência ideológica e posicionamentos firmes, ele construiu um verdadeiro império intelectual — e posteriormente político — que hoje reverbera nos principais centros de poder do Brasil.
Seu exemplo é um alerta: em tempos de polarização e discursos vazios, o conteúdo técnico e a consistência ainda são ativos poderosos. E no caso de Sachsida, esses ativos foram usados para tentar transformar profundamente a estrutura econômica do país, passo a passo.













