A creatina é um dos suplementos mais pesquisados e utilizados no mundo, especialmente entre praticantes de atividade física. Apesar do reconhecimento científico, ainda existem muitas dúvidas e informações incorretas sobre seus efeitos. Este artigo explora nove mitos e verdades que cercam o tema, trazendo evidências científicas e explicações acessíveis para ajudar na compreensão de quem deseja utilizar ou já utiliza a substância.
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O que é a creatina?
Estrutura e função no corpo
A creatina é sintetizada a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina. Ela atua como um reservatório rápido de energia, ajudando na regeneração do ATP, molécula fundamental para a contração muscular. Cerca de 95% da creatina corporal está armazenada nos músculos, enquanto o restante se encontra em órgãos como cérebro, fígado e rins.
Fontes naturais e suplementação
Carne vermelha e peixes são fontes alimentares de creatina, mas em pequenas quantidades. Para alcançar níveis que maximizem o desempenho físico, a suplementação se tornou a opção mais prática. A forma mais estudada e recomendada é a creatina monohidratada, considerada padrão-ouro por sua eficácia e segurança.
Mitos e verdades sobre a creatina
Creatina prejudica rins e fígado
Este é um mito comum. Estudos científicos realizados com indivíduos saudáveis indicam que o uso de creatina dentro das doses recomendadas, entre 3 e 5 gramas por dia, não compromete a função renal nem a hepática. O aumento nos níveis de creatinina no sangue é apenas um reflexo natural do metabolismo do suplemento e não deve ser confundido com lesão nos rins.
Creatina causa retenção de líquidos e inchaço
Há um fundo de verdade. A creatina realmente provoca retenção de água dentro das células musculares, o que aumenta o volume das fibras e deixa os músculos com aspecto mais cheio. Porém, isso não significa retenção hídrica subcutânea, aquela que gera inchaço aparente e desconforto. Portanto, é incorreto afirmar que a creatina causa inchaço no corpo todo.
Creatina engorda
Outro mito bastante difundido. O aumento de peso que algumas pessoas percebem ao iniciar a suplementação está ligado ao acúmulo de água intracelular e ao crescimento muscular, não ao acúmulo de gordura corporal. Para engordar, é necessário consumir mais calorias do que o corpo gasta, e a creatina, por si só, não altera esse equilíbrio.
Creatina melhora força, desempenho e recuperação
Essa é uma verdade amplamente comprovada. A suplementação de creatina aumenta a capacidade de produzir força e potência, favorece o desempenho em exercícios de alta intensidade e contribui para a recuperação muscular. Além disso, possibilita treinos mais volumosos e intensos, o que, a longo prazo, auxilia no ganho de massa muscular.
É necessário interromper o uso da creatina
Esse é um mito sem respaldo científico. Não há necessidade de ciclar ou interromper o consumo do suplemento. O organismo possui um limite de saturação, e o excesso de creatina é simplesmente eliminado pela urina. Em doses adequadas, o uso contínuo é considerado seguro e eficaz.
Creatina é útil para além do esporte
Essa é uma verdade cada vez mais reconhecida. Além de atletas, idosos se beneficiam da creatina para preservar massa muscular e prevenir a sarcopenia. Vegetarianos e veganos também encontram vantagem na suplementação, já que a dieta tende a oferecer menos creatina de origem natural. Pesquisas recentes investigam, inclusive, potenciais efeitos positivos sobre funções cognitivas, como memória e atenção.
Creatina é um esteroide ou anabolizante hormonal
Esse é um mito. A creatina não é um esteroide, tampouco um hormônio. Sua ação é metabólica: ela ajuda na reposição rápida de energia para os músculos. Não altera os níveis hormonais de maneira relevante e, portanto, não deve ser confundida com substâncias anabolizantes.
Creatina causa queda de cabelo ou afeta fertilidade
Mais um mito sem comprovação científica. Alguns estudos levantaram a hipótese de que a creatina poderia aumentar níveis de dihidrotestosterona (DHT), hormônio relacionado à queda de cabelo, mas não há evidências consistentes que confirmem essa relação. Da mesma forma, não existe base científica sólida para afirmar que a creatina afete a fertilidade em indivíduos saudáveis.
Dose padrão segura e uso contínuo
Essa é uma verdade consolidada. A dose recomendada para a maioria das pessoas varia entre 3 e 5 gramas por dia. Revisões científicas apontam que o uso contínuo, em longo prazo, é seguro para indivíduos sem doenças renais ou hepáticas pré-existentes. O acompanhamento profissional é recomendado em casos específicos, mas, para pessoas saudáveis, o suplemento pode ser utilizado de forma prolongada sem riscos.
Cuidados e recomendações

Qualidade do suplemento
É fundamental escolher marcas de confiança, com selos de pureza e testes laboratoriais que assegurem a ausência de substâncias contaminantes. Produtos de baixa qualidade podem comprometer a eficácia e a segurança da suplementação.
Orientação profissional
Embora seja seguro para a maioria, pessoas com problemas de saúde crônicos devem procurar orientação médica ou nutricional antes de iniciar o uso. Exames laboratoriais podem ajudar a avaliar a função renal e hepática em casos de dúvida.
Integração com alimentação e treino
A creatina não substitui uma alimentação equilibrada nem um programa de treinos estruturado. Seus melhores resultados aparecem quando associada a exercícios de força e a uma dieta adequada em calorias e proteínas.
Horário de consumo
Não existe um horário ideal para tomar creatina. O mais importante é a constância no uso diário. Algumas evidências sugerem que a ingestão junto a refeições com carboidratos pode melhorar a absorção, mas a regularidade ainda é o fator determinante.
Questões em aberto
Apesar do vasto número de estudos, ainda existem áreas em que as pesquisas avançam. Os efeitos da creatina em pessoas com doenças renais crônicas, seu papel na prevenção de doenças neurodegenerativas e a eficácia de novas formulações além da monohidratada são tópicos que continuam em investigação.
Considerações finais
A creatina é um dos suplementos mais eficazes e seguros disponíveis atualmente. Seus benefícios vão além do ganho de força e potência, alcançando públicos como idosos e vegetarianos, e podendo até contribuir para a saúde cognitiva. Grande parte dos mitos associados ao seu consumo foi derrubada por evidências científicas, embora ainda existam estudos em andamento para populações específicas.
Usada dentro das recomendações e acompanhada por profissionais de saúde quando necessário, a creatina se consolida como um aliado poderoso para quem busca melhor desempenho físico, preservação muscular e qualidade de vida.













