A liderança moderna exige mais do que apenas cargo ou autoridade. Ser um bom líder envolve construir confiança, inspirar pessoas e tomar decisões com responsabilidade. No entanto, muitos profissionais cometem erros recorrentes que, mesmo sem intenção, comprometem a sua imagem e a performance do time.
Comportamentos como evitar decisões difíceis, centralizar tarefas ou transmitir negatividade afetam diretamente a credibilidade do gestor. Reconhecer esses padrões é o primeiro passo para corrigi-los e se tornar um líder mais consciente, presente e respeitado.
A seguir, destacamos cinco hábitos que atrapalham a liderança e estratégias eficazes para superá-los.
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1. Colocar o próprio ego acima da equipe
A síndrome do “eu resolvo tudo”
Um erro comum de novos líderes é agir como se ainda fossem apenas excelentes executores. A mudança de postura exigida pela liderança nem sempre ocorre de imediato. Ao continuar agindo com foco exclusivo em suas próprias entregas, o líder negligencia o verdadeiro papel de guiar o grupo.
Esse comportamento leva à microgestão, à falta de delegação e à desconfiança mútua. Quando o líder tenta fazer tudo sozinho, passa a impressão de que não confia no time — e essa percepção mina a motivação dos colaboradores.
Como corrigir?
- Substitua o “eu” pelo “nós”: destaque conquistas coletivas, não apenas as pessoais.
- Delegue com clareza, atribuindo responsabilidades e confiando na autonomia da equipe.
- Comemore os resultados da equipe em público e dê feedback individual em particular.
- Crie um ambiente em que as pessoas saibam que podem contribuir com ideias e soluções.
2. Evitar decisões difíceis
A paralisia da liderança
Fugir de decisões complexas é uma armadilha perigosa. Muitos líderes adiam conversas desconfortáveis, decisões impopulares ou postergam mudanças necessárias com medo da reação da equipe ou de errar.
Esse tipo de postura gera insegurança, confusão e sobrecarga no time. A ausência de liderança real é rapidamente percebida, e os colaboradores passam a agir por conta própria, o que compromete o alinhamento estratégico da empresa.
Caminhos para melhorar
- Desenvolva inteligência emocional para lidar com situações de tensão.
- Lembre-se de que adiar decisões geralmente gera impactos maiores.
- Consulte dados, ouça a equipe e tome decisões alinhadas com os valores da empresa.
- Ao errar, reconheça e redirecione com firmeza, demonstrando responsabilidade.
3. Confundir ocupação com produtividade
Sempre ocupado, mas sem resultados
Muitos líderes se veem atolados de tarefas e reuniões, mas sem conseguir mostrar resultados concretos. A agenda lotada é confundida com desempenho, o que prejudica o foco nas prioridades estratégicas.
Essa “ilusão de produtividade” desgasta o gestor e transmite à equipe a ideia de que estar ocupado é mais importante do que ser eficaz.
Como evitar esse hábito?
- Use ferramentas de gestão do tempo para avaliar onde está gastando energia.
- Priorize tarefas com impacto direto nos resultados da equipe e da empresa.
- Defina metas mensuráveis e acompanhe indicadores.
- Elimine atividades operacionais que possam ser delegadas ou automatizadas.
4. Contaminar o ambiente com negatividade
O líder como espelho do clima
Reclamar excessivamente, criticar sem contexto ou focar apenas em problemas são posturas que drenam o ânimo da equipe. A negatividade do líder se espalha como fumaça em um ambiente fechado, e logo todos se sentem desmotivados.
Ainda que haja pressão ou momentos difíceis, o papel do líder é preservar a estabilidade emocional do grupo e orientar a equipe com foco em soluções.
Como mudar essa postura?
- Pratique a comunicação construtiva: aponte falhas, mas com foco em correção.
- Reconheça o esforço do time mesmo nos momentos difíceis.
- Não externalize frustrações pessoais no ambiente profissional.
- Reforce uma visão positiva e realista sobre os desafios.
5. Esconder vulnerabilidades
A falsa ideia de perfeição
Existe uma crença equivocada de que o líder precisa parecer sempre forte, confiante e sem falhas. Esse mito da liderança infalível cria distância entre gestor e equipe, dificultando a criação de relações autênticas.
Mostrar vulnerabilidade não significa fragilidade. Pelo contrário: líderes que admitem limitações, reconhecem erros e pedem ajuda quando necessário constroem relações mais humanas e respeitosas.
Como liderar com autenticidade?
- Compartilhe aprendizados de momentos em que errou.
- Demonstre abertura para ouvir e considerar outros pontos de vista.
- Crie um ambiente em que a equipe se sinta segura para errar, aprender e crescer.
- Valorize mais a escuta do que a imposição.
A importância da autorreflexão na liderança

Liderar não é apenas delegar tarefas e acompanhar metas. É um exercício contínuo de autoconhecimento, desenvolvimento de competências emocionais e construção de confiança.
Os hábitos que citamos — centramento excessivo no ego, omissão diante de decisões difíceis, falta de foco, negatividade e ausência de vulnerabilidade — são comuns, mas não inevitáveis. O reconhecimento desses comportamentos é o ponto de partida para uma jornada de transformação.
Investir em liderança é investir em pessoas
Quando um líder melhora, toda a equipe cresce. Uma liderança mais empática, decisiva e humana contribui para a retenção de talentos, o engajamento dos colaboradores e o alcance de metas mais ambiciosas.
Empresas que reconhecem esse potencial investem no desenvolvimento contínuo de seus gestores — por meio de mentorias, coaching, treinamentos em soft skills e feedbacks estruturados.
Considerações finais
Os desafios da liderança são constantes, mas evitáveis. Corrigir maus hábitos requer prática, paciência e vontade de evoluir. Mais do que uma posição hierárquica, liderar é um compromisso com o exemplo, com o outro e com a própria consciência.
Ao revisar seus comportamentos, ouvir a equipe e praticar decisões coerentes, qualquer gestor pode transformar seu estilo de liderança e alcançar novos patamares de respeito e resultados.













