A Boa do Dia

10 cartas escritas por ícones mundiais mostram que o amor nunca sai de moda

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1) De Machado de Assis a Carolina de Novais, em 1869

“A responsabilidade de fazer-te feliz é decerto melindrosa; mas eu aceito-a com alegria, e estou certo que saberei desempenhar este agradável encargo. Olha, querida; também eu tenho pressentimento acerca da minha felicidade; mas que é isto senão o justo receio de quem não foi ainda completamente feliz?”

2) De Franz Kafka para Felice, em 1912

“Querida Felice!

Vou agora te pedir um favor que soa um tanto louco, e que eu deveria considerar como tal se fosse eu a receber a carta. É também o maior teste possível até mesmo para a pessoa mais bondosa do mundo. Bem, é isto: escreve para mim apenas uma vez por semana, de forma que a sua carta chegue no domingo — porque não consigo suportar suas cartas diárias, sou incapaz de suportá-las. Por exemplo, eu respondo uma de suas cartas, depois deito na cama em aparente calma, mas meu coração retumba através do meu corpo inteiro e está consciente apenas de ti. Eu pertenço a ti; não há realmente outra forma de expressar isso, e não há força o bastante. Mas por essa mesma razão eu não quero saber o que estás vestindo; isso me atormenta tanto que não consigo lidar com a minha rotina; e é por essa mesma razão que não quero saber se gostas de mim. Se eu soubesse, como poderia, bobo que sou, ir e sentar no meu escritório, ou aqui em casa, em vez de saltar em um trem com meus olhos fechados e apenas abri-los quando estiver contigo?”

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3) De Johnny Cash para a esposa, June, em 1994, pelo aniversário dela de 65 anos

“23 de junho de 1994

Odense, DinamarcaFeliz aniversário, princesa.Ficamos velhos e nos acostumamos um com o outro. Pensamos igual. Lemos a mente um do outro. Sabemos o que o outro quer sem perguntar. Às vezes irritamos um ao outro um bocado. Talvez às vezes depreciamos um ao outro.Mas volta e meia, como hoje, eu reflito e percebo que o quão sortudo sou por dividir minha vida com a melhor mulher que já conheci. Você ainda me fascina e me inspira. Você me influencia para melhor. É o objeto do meu desejo e a razão número um para a minha existência. Amo muito você.Feliz aniversário, princesa. John”

4) De Frida Kahlo para Diego Rivera, em 1944

“Para o meu Diego

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A vida calada doadora de mundos, o mais importante é a não-ilusão. As manhãs nascem, os amigos vermelhos, os grandes azuis, as mãos cheias de folhas, pássaros barulhentos, dedos nos cabelos, ninhos de pombos, um raro entendimento da luta humana, a simplicidade do canto sem sentido da loucura de vento em meu coração — não deixe rimar, menina — doce chocolate do México antigo, tempestade em meu sangue que entra pela boca — convulsão, augúrio, riso e dentes finas agulhas de pérolas, para algum presente de 7 de Julho, peço, consigo, canto, cantarei para sempre sobre o nosso mágico — amor.”

5) De Vladimir Nabokov para Véra, em julho de 1923

“Como conseguira explicar a você, minha felicidade, minha maravilhosa e dourada felicidade, o quanto eu pertenço a você — com todas as minhas memórias, poemas, explosões, turbilhões interiores? Ou explicar que não consigo escrever uma palavra sem ouvir você pronunciá-la — e não consigo lembrar de uma única bagatela que tenha vivido sem ressentimentos — tão preciso! — que não tenhamos passado juntos — mesmo se é o mais pessoal, intransmissível — ou apenas um pôr do sol na curva de uma estrada — entende o que quero dizer, minha felicidade?”

6) De Ernest Hemingway para Marlene Dietrich, em 1951

Até onde consta, a atriz e o escritor nunca tiveram um romance real. Conheceram-se em 1934 durante um cruzeiro e passaram anos trocando cartas nas quais Hemingway mostra um amor platônico. No meio disso, o escritor se casou e se separou quatro vezes.

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“Posso dizer agora que cada vez que eu abraço você, me sinto em casa. Não há muitas coisas mais. Mas sempre brincamos e fomos alegres juntos.”

7) De Charlie Parker para Chan Woods, sem dataO saxofonista teve um romance turbulento com a namorada, com quem teve uma filha que morreu ainda criança. Parker morreu aos 34 anos em decorrência de abuso de álcool e drogas, meses depois de Chan o deixar.

“Para você

O que eu achava estar errado, sendo que eu nada sabia, estava certo. Aqui vai a prova dos meus sentimentos, não me odeie, me ame para sempre. O mundo é lindo, bobo é quem tenta tirar vantagem. Vire o mundo todo para o outro lado. No começo onde a terra vira estarão meus sentimentos por você. Para você. Me perdoe. Amo você.

8) Napoleão Bonaparte para Josefina

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“Já não te amo: ao contrário, detesto-te. És uma desgraçada, verdadeiramente perversa, verdadeiramente tola, uma verdadeira Cinderela. Nunca me escreves; não amas o teu marido; sabes quanto prazer tuas cartas dão a ele e ainda assim não podes sequer escrever-lhe meia dúzia de linhas, rabiscadas apressadamente. Que fazes o dia todo, Madame? Que negócio é assim tão importante que te rouba o tempo para escrever ao teu devotado amante? Que afeição abala e põe de lado o amor, o terno e constante amor que lhe prometeste? Quem será esse maravilhoso novo amante que te ocupa todos os momentos, tiraniza seus dias e te impede de dedicar qualquer atenção ao teu esposo? Cuidado, Josefina: alguma bela noite as portas se abrirão e eu surgirei. Na verdade, meu amor, estou preocupado por não receber notícias tuas; escreve-me neste instante quatro páginas plenas daquelas palavras agradáveis que me enchem o coração de emoção e alegria. Espero poder em breve segurar-te em meus braços e cobrir-te com um milhão de beijos, candentes como o sol do Equador. Bonaparte”

9) Beethoven, para sua Amada Imortal

“Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser. Hoje apenas algumas palavras à caneta (à tua caneta). Só amanhã os meus alugueres estarão definidos – que desperdício de tempo… Por que sinto essa tristeza profunda se é a necessidade quem manda? Pode o teu amor resistir a todo sacrifício embora não exijamos tudo um do outro? Podes tu mudar o fato de que és completamente minha e eu completamente teu? Oh Deus! Olha para as belezas da natureza e conforta o teu coração. O amor exige tudo, assim sou como tu, e tu és comigo. Mas esqueces-te tão facilmente que eu vivo por ti e por mim. Se estivéssemos completamente unidos, tu sentirias essa dor assim como eu a sinto. […] Nós provavelmente devemos nos ver em breve, entretanto, hoje eu não posso dividir contigo os pensamentos que tive nos últimos dias sobre minha própria vida – Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum… O meu coração está cheio de coisas que eu gostaria de te dizer – ah – há momentos em que sinto que esse discurso é tão vazio – Alegra-te – Lembra-te da minha verdade, o meu único tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem-nos mandar paz… Teu fiel Ludwig.”

10) De Lewis Carroll para Gertrude Chataway

“Minha querida Gertrude, você vai ficar admirada, surpresa, desolada ao saber que terrível indisposição eu senti quando você partiu. Mandei chamar um médico e lhe disse: ‘Dê-me um remédio contra o cansaço porque eu estou cansado’. Ele me respondeu: ‘Nunca! Você não precisa de remédio! Se você está cansado, vá para a cama!’ ‘Não’, repliquei, ‘não se trata desse tipo de cansaço que passa quando se deita. Eu estou cansado no rosto.’ Ele ficou muito sério e depois disse: ‘Sim, estou vendo, é seu nariz que está cansado; e isso acontece por que você mete o nariz em tudo’. E eu respondi: ‘Não, não é bem o nariz. Talvez tenha sido um gole de ar’. Então ele fez uma expressão de espanto e disse: ‘Agora estou entendendo: naturalmente você tocou muitas árias em seu piano’. ‘De forma nenhuma, protestei. Nada de árias, mas de alguma coisa que fica entre o meu nariz e o meu queixo’. Aí ele ficou muito sério e perguntou: ‘Ultimamente você tem andado muito com seu queixo?’ Eu disse: ‘Não’. ‘Bem!’ disse ele, ‘isso me preocupa muito. Não sente alguma coisa nos lábios? ‘Claro!’ exclamei. É exatamente isso que eu sinto!’ Então ele ficou mais sério do que nunca e disse: ‘Acho que você andou dando muitos beijos’. ‘Bem’, respondi, ‘na verdade eu dei um beijo numa menininha que é muito minha amiga.’ ‘Pense bem’. disse ele, ‘você tem certeza de que foi somente um?’ Eu pensei bem e disse: ‘Talvez tenham sido onze’. Então o doutor respondeu: ‘Você não deve dar nenhum beijo até que seus lábios tenham descansado bastante’. ‘Mas o que devo fazer’, repliquei, ‘se ainda estou devendo a ela cento e oitenta e dois beijos?’ Nessa hora ele ficou tão triste, mas tão triste, que as lágrimas começaram a rolar em seu rosto. E ele disse: ‘Você pode enviálos numa caixa’. Então eu me lembrei de uma pequena caixa que eu havia comprado em Dover, pensando em poder um dia oferecê-la a uma menininha. Por isso é que eu lhe envio essa caixa depois de ter colocado nela todos os meus beijos. Diga-me se eles chegaram bem, ou se algum se perdeu pelo caminho.”

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